DT Portugal No. 3, 2022

Implantologista portugês deixa os “palcos” da medicina dentária / SUMÁRIO / Editorial / NOTÍCIAS / PRIMEIRO CONGRESSO INTERNACIONAL DA UNIPRO “...superou todas as nossas expectativas iniciais” / “O futuro é digital” / Evento decorreu no Porto / EuroPerio10 : o melhor de sempre / INDÚSTRIA / Periodontite agressiva num paciente jovem / 100 Anos de IDS / BEAUTIFUL LIE

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Table of contents

Dental Tribune Edição Portuguesa

No. 3/2022 - setembro |

setembro 2022 - Ano I - nº3

1

www.dental-tribune.com

© Congresso Clínica

JOÃO PIMENTA

Implantologista portugês deixa os
“palcos” da medicina dentária

Diferente de tudo”, o “suicídio como animal de palco” foi em si mesmo uma promessa cumprida. João Pimenta apresentou-se em Florianópolis, no Brasil, para espalhar amor e compaixão na sua última conferência, num momento em que a técnica se está a sobrepor ao emocional na sua medicina dentária. (pág. 6)

Congresso UNIPRO

simplyORTHO 2022

EuroPerio 10

Entrevista a Luís Monteiro (UNIPRO e
IUCS) sobre o primeiro congresso internacional da UNIPRO realizado no
Porto em 2022 .............................. 10

Reportagem sobre o evento que
reuniu profissionais da ortodontia,
expositores e patrocinadores na
Alfândega do Porto.. ................... 14

Reportagem do evento da Federação Europeia de Periodontologia
(EFP), realizado em junho em Copenhaga..................................... 20

[2] =>

2 | No. 3/2022 - setembro

EDITORIAL

Dental Tribune Edição Portuguesa

SUMÁRIO
Notícias................................. 4
Reportagem sobre o implantologista João Pimenta a deixar os “ palcos” da medicina
dentária.................................. 6
Entrevista a Luís Monteiro
sobre o primeiro congresso internacional da UNIPRO..... 10
Reportagem do simplyORTHO que reuniu profissionais
da ortodontia, expositores e
patrocinadores no Porto.......14
Reportagem ao evento de
atualização em implantologia
e endodontia........................ 18
Reportagem do EuroPerio10,
Federação Europeia de Periodontologia (EFP), realizado
em junho em Copenhaga.... 20
Artigo sobre descobertas que
indicam que o CPC em colutórios quebra a membrana
SARS-CoV-2 e reduz os vírus
ativos na saliva..................... 24
Caso Clínico - Periodontite
agressiva num paciente jovem,
por Eduardo Anitua............ 26
Antevisão da 40ª edição do
Internacional Dental Show
(IDS), em março de 2023,
Colónia, Alemanha............. 31
Opinião de Cátia Íris Gonçalves: BEAUTIFUL LIE...... 32

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Dental Tribune Edição Portuguesa

No. 3/2022 - setembro |

DENTAL TRIBUNE INTERNATIONAL, EDIÇÃO PORTUGUESA

Editorial

por: Ricardo Flaminio, diretor

“A Última”

UNIPRO

SimplyORTHO

Na terceira edição do Dental
Tribune Portugal destacamos
na capa João Pimenta. Este
reconhecido médico dentista português, com clínica em
Barcelos, protagonizou as suas
últimas conferências no passado mês de abril, primeiro
em Portugal e depois no Brasil. A cidade barcelense recebeu o The Last Dance, onde
se celebraram os mais de 40
anos de carreira de Pimenta,
num evento que juntou alguns
dos mais próximos do irreverente implantologista. Após o
“abandono” dos palcos portugueses, João Pimenta rumou
a Florianópolis para espalhar
amor e compaixão na sua última conferência a nível mundial, num momento em que a

técnica se está a sobrepor ao
emocional na sua medicina
dentária.
A par deste artigo, damos espaço a eventos de âmbito internacional que tiveram lugar em solo português, como
é o caso do primeiro Congresso Internacional da Oral
Pathology and Rehabilition
Research Unit (UNIPRO),
do Instituto Universitário de
Ciências da Saúde (IUSC),
e da segunda edição da SimplyORTHO. Falamos ainda
do EuroPerio10, considerado o melhor evento de sempre da Federação Europeia de
Periodontologia, e antevemos
o que podemos esperar do
IDS 2023, num ano em que
o maior encontro mundial do
setor da medicina dentária celebra um século de existência.

E, antes de terminarmos, gostaríamos de saber que tipo
de conteúdo pretende ver no
Dental Tribune Portugal, de
forma a tornar-se numa publicação ímpar no nosso país?
Pouco a pouco, pretendemos
cortar o cordão umbilical que
nos une à DentalPro e trilhar
um caminho a solo. O nosso
único propósito é ir mais longe e proporcionar a todos os
profissionais do setor conteúdos de excelência. Ficamos à
sua espera!
Continue a acompanhar-nos
por aqui e em
pt.dental-tribune.com.

Caro leitor,

Votos de uma boa leitura.
Até breve
Contacto: Ricardo Flaminio
ricardoflaminio@codigopro.pt

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4 | No. 3/2022 - setembro

NOTÍCIAS

Dental Tribune Edição Portuguesa

Clínica Arriaga realiza primeiro curso de
implantologia guiada em Portugal
O curso, realizado em parceria
com a Digital4ALL, pretende
que “a reabilitação na área da
prótese em medicina dentária
seja capaz de imitar a natureza,
tanto em termos estéticos como
funcionais ao longo do tempo”.
Ao longo de quatro dias, estavam planeadas 38 cirurgias e a
colocação de mais de 100 implantes, numa formação onde os
participantes tiveram “a oportunidade de tratar os pacientes
utilizando conceitos, técnicas e
dispositivos desenvolvidos no
âmbito do curso”, informa em
comunicado a Clínica Arriaga.
Segundo a Clínica Arriaga, destaca-se neste método

“o processo da colheita de dados, o planeamento, a produção acabando no procedimento cirúrgico”. André Macedo,
responsável pela reabilitação
oral da Clínica Arriaga, foi um
dos formadores do curso, onde
também participaram Teresa
Vieira e João Pedro, profissionais ligados à área de reabilitação oral da Clínica Arriaga.
Os responsáveis evidenciam
a fase de planeamento, não só
pelo “tipo de prótese ou fixação,
onde esta será executada, o desenho 3D do objetivo do tratamento, a projeção de elementos
artificiais que o irão suportar
e a conceção dos dispositivos

©Clínica Arriaga

por: Dental Tribune Portugal

O curso decorreu em junho

médicos que os irão auxiliar a
colocar, nas suas posições projetadas”.

ACADEMIA BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA

Fernando Duarte empossado como Académico Honorário
A cerimónia presencial aconteceu a 1 de julho no complexo
Anhembi, no stand do CFO –
Conselho Federal de Odontologia, durante o 39º Congresso Ciosp, que decorreu em São
Paulo, Brasil.
De acordo com publicação da
Clitrofa, este reconhecimento
tem por base “a carreira académica e clínica do Dr. Fernando
Duarte a nível nacional e internacional nas áreas da Cirurgia
Oral, Medicina Oral e Implantologia”, num evento que ressalta ainda o agradecimento es-

pecial a Patricia Fretes Wood,
também ela Académica Honorária da Academia Brasileira de
Odontologia que apadrinhou
esta candidatura. A cerimónia,
presidida por Liana Lima Pinheiro, presidente da Academia Brasileira de Odontologia,
contou com a presença do presidente do Conselho Federal de
Odontologia, Juliano do Vale, e
pelos restantes membros do
conselho diretivo da Academia:
Flávia Mendonça, Sérgio Sacramento, Michelle Protzenko
e Aline Raybolt.

©Clitrofa

por: Dental Tribune Portugal

Fernando Duarte

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Dental Tribune Edição Portuguesa

NOTÍCIAS

No. 3/2022 - setembro |

OMD APELA À POUPANÇA DE ÁGUA COM CAMPANHA

“Feche a torneira enquanto lava os dentes”
A ação da Ordem dos Médicos
Dentistas (OMD) alerta para o
desperdício de água numa altura em que o país enfrenta a pior
seca do século.
Numa “ação inédita” de apoio à situação de seca meteorológica que
Portugal enfrenta, a OMD lança a campanha “Feche a torneira
enquanto lava os dentes”, que visa
“sensibilizar os portugueses para
a necessidade de não desperdiçarem água”. Uma torneira aberta
durante dois minutos, o tempo
recomendado para a escovagem
dos dentes, pode gastar até 24 litros de água. Tendo em conta que
a escovagem dos dentes deve ser
realizada, pelo menos, duas vezes
ao dia, a poupança de água pode
chegar por dia e por pessoa aos

48 litros, ou seja, 17.520 litros de
água por ano.
Miguel Pavão, bastonário da
OMD, considera que “mais do
que nunca, poupar água não é
apenas uma decisão sustentável, mas um compromisso com
a adequada gestão dos recursos
naturais. Num momento em
que o país está numa situação de
seca severa e extrema, a Ordem
dos Médicos Dentistas pretende consciencializar a população
para a adoção de pequenos hábitos que fazem toda a diferença
na hora de poupar água”.
A campanha da OMD alerta
“não só para o desperdício de
água, mas também para a regra
de ouro de uma boa saúde oral:
a fórmula 2×2 – lavar os dentes

Investigadores desenvolvem
micro robôs para ajudar na
higienização da boca

genharia e Ciências Aplicadas
da Universidade da Pensilvânia
criou superestruturas robóticas
adaptáveis à topografia de superfície feitas de nanopartículas de óxido de ferro, que têm
duas propriedades únicas. Em
primeiro lugar, eles são magnéticos, permitindo que o movimento seja manipulado e a
sua configuração seja controlada para formar vários formatos,
incluindo um que se assemelha
a cerdas e outro que se assemelha ao fio dentário. Em segundo lugar, eles são catalíticos e,
portanto, podem ativar o peróxido de hidrogénio para criar

por: Dental Tribune Internacional

Uma boa rotina de higiene oral
requer destreza manual e pode
ser difícil para idosos e pessoas
com deficiência. Por isso, investigadores dos EUA desenvolveram recentemente um sistema micro robótico que pode
escovar, usar fio dentário e enxaguar os dentes, além de tratar
e remover bactérias. No estudo
de prova, uma equipa multidisciplinar da Escola de Medicina
Dentária e da Escola de En-

por: Dental Tribune Portugal

A campanha pode ser vista no site e
nas redes sociais da OMD

durante dois minutos, pelo menos duas vezes por dia”. Esta
campanha, que alia “sustentabilidade e literacia em saúde”, está
visível na rede nacional de multibanco em todo o país.
um antimicrobiano que pode
matar bactérias orais nocivas.
“Imagine pessoas com deficiências físicas ou idosos que não
tenham a destreza manual para
escovar e usar fio dental. Esta é
uma grande necessidade, não
atendida, e que visa ajudar na
saúde oral”, disse o coautor do
estudo Hyun Michel Koo, ao
Dental Tribune International
(DTI). O estudo, intitulado
“Surface topography-adaptive robotic superstructures for
biofilm removal and pathogen
detection on human teeth”,
foi publicado na revista científica ACS Nano.

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6 | No. 3/2022 - setembro

CAPA

Dental Tribune Edição Portuguesa

6º CONGRESSO CLÍNICA, 29 ABRIL 2022 - FLORIANÓPOLIS, BRASIL

João Pimenta deixa os “palcos”
da medicina dentária
por: Dental Tribune Portugal

“D

Como um pequeno grão de
mostarda que é semeado para
dar fruto, João Pimenta foi ao
Brasil colher o que durante
quase quatro décadas semeou.
Na última sega pública da sua
ilustre carreira, Pimenta deixou a semente do “amor e da
compaixão” para contrariar o
crescimento do joio no meio
da medicina dentária.
Na sua última conferência pública no mundo, João Pimenta
quis “falar de emoções”, porque
sente que a medicina dentária
“se está a tornar demasiadamente técnica e pouco emocional”. Esta derradeira aparição
pública, é mais uma tentativa
in extremis de relembrar que
“não há maneira de tratarmos
as pessoas sem ser como eu vou
dizer na minha conferência:

iferente
de
tudo”, o “suicídio como animal de palco” foi em si mesmo uma promessa cumprida.
João Pimenta apresentou-se
em Florianópolis, no Brasil,
para espalhar amor e compaixão num momento em que a
técnica se está a sobrepor ao
emocional na sua medicina
dentária.

João Pimenta (em pé na fotografia)

com compaixão, e compaixão
não é técnica, é amor”.
Pimenta não esconde que vinha “no sentido figurado do
termo, fazer o suicídio como
animal de palco”. As conferências para ele são um momento
de representação. Admite que
foi “sobretudo um ator, mas
sempre dizendo a verdade” e
não esquece os papéis da sua
vida: “Nós somos mais atores
do que outra coisa qualquer.
É indissociável o dentista João
Pimenta do pai João Pimenta
e do marido João Pimenta”.
Com o público em pé, as palmas dos conferencistas acentuaram o tom de despedida.
Ao som de “o importante é que
emoções eu vivi”, Pimenta levanta os braços num gesto de
vitória e ensaia um pé de dança,

literalmente, à vista de todos.
Por entre a plateia, Pimenta encontra a esposa. O beijo
e o abraço à mulher assina o
fechar de um capítulo. O “animal de palco” saiu de cena.
No recanto da vida, a voz e a
dança de Pimenta vão continuar à porta fechada.
OS TESTEMUNHOS
Foi em Florianópolis, no Brasil, que o “portuga” entrou pela
“porta grande” para mostrar e
relembrar tudo o que viveu na
sua longa carreira. Algumas
referências da medicina dentária, entre eles alguns amigos,
quiseram marcar presença nesta última aparição pública de
Pimenta, partilhando com ele
o palco, as suas experiências e
vivências de uma vida profis-

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CAPA

Dental Tribune Edição Portuguesa

sional que agora terminou por
terras de vera cruz.

João Pimenta (à esquerda) e Luiz Baritieri

“O Dr. João Pimenta é um ser

humano ímpar e por via de
consequência se transformou
em profissional extremamente competente e comprometido com a nossa profissão. Fui,
sou e sempre serei seu fã.”

ta. Humanista e comunicador
nato, falou-nos sobre as múltiplas maneiras de expressar o
conhecimento, desde a ciência aos sentidos, passando
pela emoção e pela estética.
Com uma linguagem enxuta
e vibrante, foi persuadindo a
audiência, partilhou um percurso profissional marcante,
desenvolvendo visões do futuro, inspirou os presentes, é
um exemplo de conduta ética
e paixão pela profissão.
Tive a sorte de o voltar a ouvir nesta que foi a sua última
conferência num dos maiores
e mais prestigiados congressos
da área.”

Paulo Monteiro

“Em abril dei uma palestra
Joana Garcez

“No passado mês de Abril

tive o enorme privilégio de
participar como palestrante
no 6º Congresso Internacional Clínica 2022, onde assisti
à notável conferência do meu
amigo e mestre João Pimen-

no Congresso Internacional
da Revista Clínica, em Florianópolis, no Brasil, um dos
congressos mais prestigiados a
nível da estética dentária organizado pelo Prof. Baratieri.
Dei a minha conferência em
conjunto com os meus amigos
Carlos Villares e Jon Gurrea,
de Madrid, onde abordámos
de uma forma descontraída

No. 3/2022 - setembro |

diferentes temas relacionados
com a reabilitação estética no
setor anterior e posterior, nomeadamente branqueamento
dentário, restaurações diretas
em resina composta, restaurações cerâmicas e como solucionar possíveis problemas
e falhas.
No mesmo congresso participaram palestrantes de referência nesta área e, em particular, tive o privilégio e muito
orgulho de partilhar o palco
com os colegas e amigos portugueses Joana Garcez, Margarida Henrique e João Pimenta. Para além de serem
uma referência para mim e
inspiração, fizeram palestras
maravilhosas, dignificando a
medicina dentária portuguesa
ao mais alto nível.
Em particular, a palestra do
João Pimenta foi especial. Especial por ser “A Última” de
muitas que deu ao longo da
sua vida. Num auditório cheio
(1.200 pessoas), às 20h da
noite, conseguiu passar a mesma emoção e a mesma razão
que o norteou ao longo da sua
vida. Direto, sincero e honesto, partilhou a sua forma de
pensar e executar a medicina
dentária do dia a dia, centrada
e focada no bem-estar do paciente. E, mais uma vez, a sua
sinceridade e o seu jeito peculiar de abordar os diferentes
temas tocou o coração de todos os que estavam presentes,
tendo tido umas das maiores
ovações do congresso e colocando todos a cantar com ele
no final.”

[8] =>

No final da sua palestra tive
oportunidade de o felicitar e
agradecer pelo que fez pela
medicina dentária portuguesa e pelo legado que nos deixa.
E, agora, de uma forma pública: Obrigado João Pimenta
pela pessoa singular que és e
pelo que fizeste e continuas a
fazer por todos nós!

Ronaldo Hirata

“Os últimos momentos de

Margarida Henrique

“Durante todo o meu per-

curso na medicina dentária,
sempre ouvi falar do Dr. João
Pimenta como um dos visionários e pioneiros da medicina dentária moderna a nível
nacional e internacional. Devido ao meu percurso profissional fora do país, só há cerca
de quatro anos tive o grande
prazer e honra de, finalmente, o conhecer pessoalmente.
Desde esse momento, coincidimos em alguns congressos e
é sempre uma grande honra e
alegria o reencontro.
O último congresso no qual

vida dizem que olhamos para
trás e vemos um clip com os
relances da nossa vida. Mas

nunca morri para poder dizer algo.
Mas acredito que nos últimos
momentos da última palestra
do meu amigo João Pimenta ele tenha experimentado o
mesmo. De certa forma, a palestra em si foi o próprio clip
de relances emocionais da sua
vida e, consequentemente, da
sua história profissional.
Eu nunca consegui separar a
história que faço na minha vida
com a que faço na minha profissão, acho que elas se completam e se mesclam. Acredito que o mesmo seja para o
João, o português mais brasileiro que conheci, na alma e na
poesia. Aliás, a própria palestra
foi uma poesia, num formato
romântico, como não poderia
deixar de ser dentro dessa linda língua portuguesa. Eu hoje
chamaria de língua portuguesa/brasileira e chamaria João
Pimenta de um poeta odontólogo português/brasileiro…”

Dental Tribune Edição Portuguesa

CAPA

8 | No. 3/2022 - setembro

Pimenta deixou a semente do “amor e da compaixão” para contrariar o crescimento do joio no meio da medicina dentária

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CAPA

Dental Tribune Edição Portuguesa

THE LAST DANCE
Antes da Última, no Brasil, João Pimenta dançou pela
derradeira vez em palco português no dia 9 de abril. Foi em
Barcelos que se celebraram os
mais de 40 anos de carreira do
reconhecido implantologista,
num evento em que participaram sete conferencistas - Are-

thuza Luna, Catarina Caetano,
Angelina Mota, Catarina Vitorino, Rosana Mendes, Susana Dias Ramos e Pedro Couto Viana - e que juntou alguns
dos mais próximos do irreverente médico dentista. Afonso
Pinhão Ferreira foi o mestre de
cerimónias nesta última dança em território nacional para
servir Pimenta e a plateia com
um discurso “assaz, expansivo e
afetuoso”. Mário Constantino,
o edil da cidade anfitriã, não
deixou de referir o “privilégio”
em poder receber uma “conferência internacional” onde a
medicina dentária pudesse ser

BIOGRAFIA

9

tratada “ao mais alto nível”.
Miguel Pavão, bastonário da
Ordem dos Médicos Dentistas, não deixou de participar na
homenagem solene “ao amigo”, num discurso marcado por
palavras fortes de incentivo ao
legado “impertinente” e com
“acutilância” de João Pimenta.
Antes de sair pela “porta grande” rumo a terras de vera cruz,
João Pimenta teve o prazer de
observar um “caso de pura gratidão”, apresentado pelo filho,
André Pimenta, numa sessão
sentida pelos “olhos do pai” e
toda ela dedicada ao homenageado do dia.

© Congresso Clínica

coincidimos, ambos como palestrantes, foi o Congresso da
Revista Clínica no Brasil, cidade de Florianópolis, na qual o
Dr. João apresentou a sua brilhante conferência, A Última.
E foi maravilhosa e fantástica
a forma como, tão emocionalmente, contagiou a sua paixão
pela medicina dentária a todo
o público presente (1200 médicos dentistas). Dr. João, o meu
muito obrigada por toda a paixão que sente pela nossa profissão, com toda a dedicação,
esforço e perseverância que a
mesma implica, pode ter a certeza que deixa um legado muito valioso aos médicos dentistas mais jovens que a sentem da
mesma forma.
Obrigada também por nunca
desistir da procura pela excelência, e nos mostrar que mesmo quando a motivação desaparece, devemos ser resilientes
no nosso percurso, de forma a
que, passinho a passinho, melhoremos progressivamente a
nossa prática clínica, sempre
tendo em mente que a perfeição não existe, mas com a consciência tranquila de que demos
o nosso melhor sempre. ”

No. 3/2022 - setembro |

Licenciado em Medicina Dentária pela Escola Superior de Medicina Dentária da Universidade do Porto em 1981, João Pimenta
foi cofundador e docente do primeiro Mestrado Universitário em
Implantologia na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade
do Porto (2000-2001). Membro honorário da Sociedade Francesa
de Biomateriais e Implantes, Pimenta é Académico Honorário da
Academia Brasileira de Odontologia, alcançando ainda o Diploma
de honra pela sua contribuição à implantologia oral (Sociedade Belga de Cirurgia e Implantologia Oral). A nível nacional é membro
honorário do Sindicato dos Médicos Dentistas e sócio honorário
da Associação Portuguesa de Técnicos de Prótese Dentária. Com
diversos artigos publicados em várias revistas nacionais e estrangeiras, João Pimenta foi incluído no TOP 100 mundial para o ano de
2022 pela organização mundial GLOBAL SUMMIT (votado por
unanimidade entre pares).

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10 | No. 3/2022 - setembro

PORTUGAL

Dental Tribune Edição Portuguesa

PRIMEIRO CONGRESSO INTERNACIONAL DA UNIPRO

“...superou todas as nossas
expectativas iniciais”
por: Dental Tribune Portugal

© UNIPRO

Sessão de abertura do congresso (da esquerda para a direita): José Mendes,
Filomena Salazar, Luís Monteiro, Teresa Pinho e Hassan Bousbaa

O que é a UNIPRO?
A UNIPRO é uma unidade
de investigação em patologia
e reabilitação oral do Instituto
Universitário de Ciências da
Saúde (IUCS). Esta estrutura de investigação foi criada
em 2021 e tem desenvolvido

vários projetos de investigação focados na biopatologia,
diagnóstico e reabilitação nas
várias áreas das ciências dentárias. Possui várias linhas de
investigação dirigidas ao estudo das alterações e doenças
craniofaciais, da biopatologia

© UNIPRO

O

primeiro Congresso Internacional da Oral Pathology
and Rehabilition Research Unit (UNIPRO), do Instituto
Universitário de Ciências da Saúde (IUCS), decorreu em
abril, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto. Luís Monteiro, diretor da Unidade de Investigação em Patologia e Reabilitação Oral da UNIPRO, falou com o Dental Tribune Portugal para
fazer o balanço do evento que “superou todas as expectativas iniciais”. O congresso foi “o culminar dos resultados dos vários projetos
e linhas de investigação nas áreas da patologia oral e reabilitação”
e contou com a conferência em avanços na investigação em cancro
oral, em colaboração com o centro colaborativo em Cancro Oral da
Organização Mundial da Saúde (OMS).

Luís Monteiro, diretor da Unidade de
Investigação em Patologia e Reabilitação Oral (UNIPRO e IUCS)

e novas tecnologias no diagnóstico do cancro oral, no estudo de biomateriais e reabilitação oral, entre outras áreas.
Esta é uma unidade integrativa multidisciplinar com vários investigadores não só da
medicina dentária, mas também de áreas biomédicas, de
bioengenharia e ou da saúde
comunitária que em conjunto promovem o aumento de
conhecimento e transferência
do mesmo para a sociedade na
área da patologia oral e reabilitação oral.
Que balanço faz do evento
realizado pela primeira vez
em Portugal?
Este congresso foi o culminar
dos resultados dos vários projetos e linhas de investigação

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PORTUGAL

Dental Tribune Edição Portuguesa

Grupo de investigação em alterações orofaciais (da esquerda para a direita):
Aline Gonçalves, Vanessa Marcelino, Selma Pascoal, Maria Paço, Teresa Pinho,
Maria Calheiros-Lobo, Lígia Rocha e Miguel Alves-Ferreira

Quais foram os principais destaques apresentados sobre
os vários projetos de investigação atuais nomeadamente
em medicina dentária?
Na primeira parte do congresso foram abordados temas
sobre disfunções e doenças
orofaciais. Por exemplo, foi
abordada a relação entre várias alterações genéticas com
disfunção temporomandibular, com enxaquecas/cefaleias
e outras disfunções do desenvolvimento orofacial. Foram
ainda apresentadas aplicações
de novas tecnologias como
por exemplo da aplicação de
fotobiomodulação como aceleradores do movimento ortodôntico. Na área da prostodontia e reabilitação oral foi

apresentado o estado da arte
nos estudos clínicos em implantologia, em osteointegração ou em tecnologia digital em reabilitação oral assim
como a utilização de materiais
biológicos na reparação tecidular. Foram também apresentados resultados de vários
trabalhos de teses de doutoramento nas áreas da patologia oral e reabilitação oral. A
segunda parte do congresso
foi dedicada à conferência em
avanços em investigação em
cancro oral que foi promovida
pela UNIPRO e pelo Centro
colaborativo em Cancro Oral
da OMS.
E quanto à Conferência em
Cancro Oral promovida pela
UNIPRO e pelo centro colaborativo em Cancro oral da
OMS? Quais foram os grandes
temas abordados?
Esta é uma conferência coorganizada pelo Centro colaborativo em Cancro Oral da
OMS, coordenada pelo professor Saman Warnakulasuriya e que nós tivemos o privilégio e honra de acolher no
nosso congresso internacional da UNIPRO. A primeira

nas áreas da patologia oral e
reabilitação que esta unidade
integra e tem desenvolvido.
Como primeiro congresso internacional da UNIPRO, este
evento superou todas as nossas expectativas iniciais. Tivemos mais de 30 palestrantes de renome internacional e
contamos com uma participação que superou os 500 congressistas. Foram discutidos
temas, por vezes controversos, da patologia e reabilitação
oral, à luz da evidência científica atual. Estabeleceram-se
diálogos, discussões e colaborações entre centros de investigação e universidades em
prol da mobilidade e colaboração científica de investigadores, aspetos que a UNIPRO
tem como missão primordial.
Este congresso incluiu também a conferência em avanços na investigação em cancro
oral, em colaboração com o
centro colaborativo em Cancro Oral da OMS, onde foram
discutidos muitos dos interessantes temas atuais sobre cancro oral.

No. 3/2022 - setembro |

Sessão de reabilitação oral, por Fernando Guerra (Univ. de Coimbra)

[12] =>

PORTUGAL

Dental Tribune Edição Portuguesa

12 | No. 3/2022 - setembro

Grupo de oradores da conferência em Cancro Oral da OMS (da esquerda para
a direita): Adalberto Miranda-Filho, Miguel Gonzalez-Moles, José Aguirre,
Hassan Bousbaa, Saman Warnakulasuryia, António Mano Azul, Luís Monteiro
e Pablo Centelles

parte da conferência foi dedicada à epidemiologia do cancro oral. O Dr. Adalberto Miranda-Filho (IARC) mostrou
como a incidência de cancro
oral varia nos diferentes países da Europa sendo Portugal um dos países que mostra um maior aumento do
número de casos desta doença contrariamente a muitos
dos restantes países europeus.
Os fatores de risco de cancro oral foram discutidos pelo
Prof. Saman Warnakulasuriya (Kings College London e
WHO CC) nomeadamente a discussão sobre o papel
do álcool, da inflamação crónica, como o papel do fumo
passivo muitas vezes ignorado pela sociedade nos dias de
hoje. As características histopatológicas, o grau de displasia epitelial nas alterações
potencialmente malignas, foram abordados pelo prof.
José Aguirre (Universidad del
País Vasco EHU, Bilbao, Es-

panha); e a discussão sobre a
identificação de biomarcadores, não só numa perspetiva
histopatológica, mas também
molecular, no diagnóstico e
prognóstico de cancro oral
e alterações potencialmente
malignas foi também brilhantemente apresentada nas conferências dos colegas Miguel
González-Moles (University
of Granada, Espanha), Hassan Bousbaa (da UNIPRO)
e Pierre Saintigny (Centre
Léon Bérard, Lyon, França).
Dada a elevada incidência de
cancro oral no nosso país, foram abordadas as estratégias
para diminuir o número de
novos casos de cancro oral e
realizar o diagnóstico precoce da doença. O Dr. António
Mano Azul, além da missão de
moderação desta conferência,
abordou o tema dos rastreios
em cancro oral nomeadamente explicando o programa de
intervenção precoce em cancro oral (PIPCO), programa

português que captou a curiosidade e interesse de muitos
dos colegas internacionais.
Foram apresentadas também
novas tecnologias no diagnóstico de malignidade, especialmente meios óticos e no
tratamento como a utilização
especifica de lasers. Por último, mas certamente o momento mais intenso, original
e porventura ímpar comparativamente a vários congressos
internacionais, foi a “mesa redonda de discussão final”, que
graças à brilhante e singular
moderação do colega António
Mano Azul, se transformou
numa “mesa redonda” por
toda a sala com a discussão de
opiniões de todos os presentes
juntamente com os vários palestrantes da conferência, momento único onde se discutiu
verdadeiramente ciência em
patologia oral. Esta conferência será seguida de um conjunto de trabalhos de revisão
sobre os vários temas abordados e posteriormente publicados em revista internacional.
Desta forma, esta conferência possuiu não só um papel
de atualidade, mas também de
possíveis futuras orientações e
diretivas a sugerir.
Contaram com vários palestrantes internacionais. Sentem que esse fator ajudou a
trazer mais participantes?
A presença de palestrantes internacionais é, à partida, um
fator de globalização científica o que capta o interesse
dos colegas. No entanto, nes-

[13] =>

PORTUGAL

© UNIPRO

Dental Tribune Edição Portuguesa

Sessão de mesa redonda (da esquerda para a direita): José Aguirre, Miguel
Gonzalez-Moles, Saman Warnakulasuryia, Adalberto Miranda-Filho, Pablo
Centelles, Hassan Bousba e António Mano Azul

te congresso, o mote não foi
trazer palestrantes internacionais, mas sim os palestrantes de referência nos temas
abordados, muitos dos quais
internacionais, mas também
incluindo palestrantes de renome portugueses e de diferentes centros de investigação. São exemplo destes
oradores: Teresa Pinho (UNIPRO); Miguel Alves-Ferreira
(IBMC/i3S and ICBAS, UP);
Cristina Manzanares (Universidade de Barcelona); Fernando Guerra (Universidade
de Coimbra); Adalberto Miranda-Filho (IARC); António Mano Azul (Chief Dental Officer – DGS, Portugal);
José Aguirre (Universidad del
País Vasco EHU, Bilbao); Saman Warnakulasuriya (Kings
College London e WHO
CC), Miguel González-Moles (University of Granada),
Hassan Bousbaa (UNIPRO)
e Pierre Saintigny (Centre
Léon Bérard, Lyon). Notámos que vários participantes
mostraram interesse em ouvir
e conhecer muitos destes palestrantes e desenvolver inte-

rações científicas futuras, um
dos objetivos da UNIPRO.
Quais foram as maiores dificuldades na concretização do
congresso?
Sem dúvida que a maior dificuldade que encontramos
esteve relacionada com a situação de pandemia que vivemos ainda neste início de
ano. Tal situação dificultou a
organização, nomeadamente a programação do evento
atendendo
principalmente
ao número de participantes
internacionais. No entanto, tentamos adotar medidas
adequadas nomeadamente a
escolha de um local de grande dimensão, como o Centro
de Congressos da Alfândega
do Porto, claro, respeitando
as medidas e regras propostas
pela DGS.
Qual foi o feedback que recebeu dos participantes?
O grau de satisfação foi muito
bom traduzido, por exemplo,
nos vários pedidos de colaboração e participação em projetos e linhas de investigação

No. 3/2022 - setembro |

13

da UNIPRO, nomeadamente
a nível internacional. Foram
estabelecidos grupos de investigação internacionais no
estudo de cancro oral. Este
é também um dos objetivos
basilares da UNIPRO, promover a disseminação de conhecimento e colaboração em
investigação multidisciplinar
e multicêntrico, particularmente internacional. Também
é um sinal que em Portugal
existem vários colegas de várias unidades de investigação
ativa com trabalhos de grande
valor científico e importantes
para o conhecimento das várias áreas da patologia oral e
reabilitação oral.
A UNIPRO e a OMS já estão a
trabalhar no próximo congresso? Teremos novidades
em breve?
A conferência em avanços em
cancro oral gerou uma série
de questões que interessam
abordar no sentido de as responder com elevado grau de
evidência científica. A colaboração criada entre o centro
colaborativo de Cancro Oral
da OMS e a UNIPRO, assim
como dos vários colegas e unidades de investigação, estimularam algumas ideias e projetos futuros. Por isso, podemos
dizer que já estamos a trabalhar no próximo congresso da
UNIPRO em 2023, e com colaboração de mais unidades e
universidades de forma, mais
uma vez, a cumprir a nossa
missão. Fiquem atentos…

[14] =>

14 | No. 3/2022 - setembro

PORTUGAL

Dental Tribune Edição Portuguesa

SIMPLYORTHO 2022

“O futuro é digital”

© Dental Tribune Portugal

por: Dental Tribune Portugal

O evento decorreu na Alfândega do Porto de 9 a 11 de junho

N

ascida de “um sonho
de verão”, a segunda edição da simplyORTHO aconteceu ainda em tempo de primavera e
reuniu profissionais da ortodontia, expositores e patrocinadores que durante três dias
partilharam o palco da Alfândega do Porto, numa reunião
que devido à pandemia esteve
adiada durante dois anos.
Num evento muito voltado
para a conexão e a comunicação entre pares, a presença de
dois oradores nacionais foi a
exceção à regra, numa conferência em que a língua oficial
foi o inglês. 18 conferêncistas
de vários países – entre eles o

Brasil – apresentaram diferentes casos clínicos, evidenciando técnicas e materiais de
uma área em que a investigação tem sido preponderante
para a sua aceitação no setor.
A criação do Grupo internacional “simplyORTHO” no
FACEBOOK, para partilha
de casos clínicos e ideias na
área da Ortodontia, foi o início do sonho. Os 10 mil seguidores conquistados no período de poucos meses foram
a confirmação da sua visão.
De reunião de grupo a congresso, a simplyORTHO é
atualmente, para o fundador,
um espaço “dirigido a todos
os ortodontistas e a todos os
generalistas que amam a orto-

dontia, porque há muitos generalistas que fazem a ortodontia e que até a fazem bem”.
Num evento em que o painel de oradores é escolhido
“essencialmente pelo que se
partilha no grupo e pela interação que essas partilhas provocam”, David Morais convida
“os ortodontistas portugueses
a mostrarem o seu trabalho, a
não terem medo de serem criticados e de serem expostos”.
Para o ortodontista, as “críticas
também nos trazem vantagens
porque aprendemos com as
mesmas. Às vezes não estamos
a ver os nossos erros à primeira vista, mas alguém vai identificá-los por nós e isso vai-nos
ajudar no nosso trabalho”.

[15] =>

PORTUGAL

No. 3/2022 - setembro |

15

© Dental Tribune Portugal

Dental Tribune Edição Portuguesa

“Um grupo aberto a todos os apaixonados pela Ortodontia” - David Morais

ter melhores resultados sendo
muito menos invasivos”, ressalva a médica dentista.
Num momento em que a medicina está “cada vez mais digital”, e onde os alinhadores são

© Dental Tribune Portugal

“É TEMPO PARA UMA
MUDANÇA DE PARADIGMA”
Catarina Caetano é uma das
profissionais nacionais que fazem parte desta comunidade
que foi construída através da
partilha de casos clínicos na
plataforma Facebook. A simplyORTHO é para a médica
dentista “um congresso muito
diferente dos habituais, muito
relaxado”, onde “existe sempre
uma discussão muito saudável
dos casos” e em que a “partilha de conhecimento e de experiências é também um fator
diferenciador deste congresso”.
Catarina Caetano sublinha a
“grande alteração” na medicina dentária e na ortodontia
com “a ancoragem esquelética”
algo que “permite fazer movimentos que antes não eram
possíveis”. “Podemos tratar casos com menos extrações, menos cirurgia ortognática e ob-

Catarina Caetano

hoje em dia utilizados para “a
maioria dos tratamentos que
anteriormente não era possível”, “respeitar a biologia do
paciente” é para Catarina Caetano “não fazer movimentos
além do que aqueles que são
saudáveis para os dentes, não
sobre expandir, que é também
um grande problema hoje em
dia. A sobre expansão vem de
muitas filosofias que são 100%
anti extrações dentárias”.
O “DIAGNÓSTICO É A
CHAVE”
Dentro da equipa de palestrantes nacionais, Armando
Dias Silva foi mestre de cerimónias nesta edição da simplyORTHO. O professor da
Universidade do Porto abriu
o evento e fechou o primeiro
dia com uma apresentação sobre a mudança de dispositivos
MARPE para BAME.

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PORTUGAL

© Dental Tribune Portugal

EXPOSITORES
Onze expositores partilharam
o open space na Alfândega

Diagnocat

© Dental Tribune Portugal

Armando Dias Silva

do Porto. O evento reuniu algumas empresas do setor que
aproveitaram para dar a conhecer ou destacar os seus produtos. De entre os presentes,
destaque para a presença da
Diagnocat – um dos premium
sponsors do evento – que mostrou o seu software ancorado
na inteligência artificial.
Na primeira participação na
simplyORTHO, a Inibsa Portugal registou um feedback
“positivo”, numa forma “diferente de estar num congresso”, regista Alfonso Rodrigues,
chefe internacional de Vendas.

Inibsa Portugal

Focada “muito na área da intervenção”, a empresa aproveitou o evento para fazer o
lançamento do seu kit ortodôntico, “uma estreia”, composto por “algumas escovas,
escovilhões e com ceras”. Representada pela Inibsa Portugal, a TePe é uma multinacional
com presença em vários países
europeus, fazendo “a distribuição e promoção dos produtos
junto do canal médico e através
das farmácias”.
Na primeira participação no
evento, Joel Curado mostrou-se “surpreendido” pela

© Dental Tribune Portugal

Armando Dias Silva insiste
“muito no detalhe do diagnóstico”, considerando-o “de
longe” como “o fator mais
importante de todo o tratamento”, mas algo que “infelizmente” tem vindo a ser “muito
maltratado por algumas tendências de mensagem de facilitismo que vão circulando no
nosso meio”.
Com o tratamento de alinhadores muito em voga no setor, o professor alerta que “a
Ortodontia não se deve reger
por ‘modas’, e que eles, os Ortodontistas, são “uma especialidade médica e não profissionais da cosmética”, já que
“os tratamentos que efetuamos têm impacto a todos os
níveis não só nos maxilares,
mas também em várias estruturas muito importantes como
as articulações temporo-mandibulares”, insiste Armando
Dias Silva.

Dental Tribune Edição Portuguesa

© Dental Tribune Portugal

16 | No. 3/2022 - setembro

NovyDent

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PORTUGAL

No. 3/2022 - setembro |

Dental Tribune Edição Portuguesa

Mesmo entre os profissionais o ambiente é descomprometido

Espanha, a MasOrthodoncia registou pela primeira
vez a sua presença na simplyORTHO, depois de ter
estado em 2019 no congresso da Sociedade Portuguesa
de Ortodontia. O laboratório ortodôntico catalãomostrou os seus instrumentos
ortodônticos, com especialização em workflow digital e
design digital de aplicativos.
Enric Boscá e Jose Cerdeira, responsáveis pela empresa, procuram “informação e
contacto direto com os médi-

afluência de participantes estrangeiros na edição 2022 da
simplyORTHO. O sales manager da Novydent referenciou a “gama abrangente” da
empresa com “produtos para
quase todas as áreas”, essencialmente material fabricado
na Alemanha e Itália. “Dada
a natureza do evento, trouxemos essencialmente produtos
de ortodontia e verificamos
que os médicos têm-se focado muito nos instrumentos”,
confidencia Joel Curado.
Com uma presença forte em

MasOrthodoncia

ForestaDent

cos, nomeadamente, as novas
tendências, as novas linhas de
trabalho, para irmos ao encontro daquilo que está a ser
feito no setor e dar-lhes uma
resposta digital às suas necessidades”.
Outra das empresas estreantes na simplyORTHO foi a
ForestaDent. Presente em
120 países, a empresa irlandesa fabrica produtos ortodônticos (a maioria é fabricada na Alemanha) e fornece
materiais para fazer alinhadores. Desde fevereiro que
está a ser desenvolvida uma
“parceria com a Redford para
vender a sua impressora 3D,
que é uma impressora de filamentos”, revelam Terence
Murphy (Territory Manager)
e Stefen Forster (Managing
Director), responsáveis pela
marca irlandesa.
Depois de marcar presença
em terras portuenses, a simplyORTHO escolheu o Dubai, como o próximo destino
para a reunião da comunidade ortodôntica em 2023.

[18] =>

18 | No. 3/2022 - setembro

PORTUGAL

Dental Tribune Edição Portuguesa

1º Congresso Português de Atualização em Implantologia e Endodontia

Evento decorreu no Porto
por: Dental Tribune Portugal

Galimplant & Endogal organizou este evento

O objetivo da Galimplant &
Endogal é “partilhar momentos e experiências com todo o
setor”, por isso, este primeiro congresso contou com a
participação de oradores na-

cionais e internacionais, que
partilharam as últimas tendências e atualizações na
área da implantologia e endodontia. Mais de 200 participantes “puderam desfru-

“Após dois anos em que não
foi possível realizar formação
presencial, a organização do
1º Congresso de Atualização em Implantologia e Endodontia em Portugal foi um
grande desafio. No entanto,
poder ver a Fundação Dr. António Cupertino de Miranda
completamente cheia é uma
fonte de orgulho para todos
nós e uma grande emoção. Os
congressos são um local onde
podemos trocar experiências e
estabelecer relações profissionais, que nos permitem avançar e melhorar a nossa prática clínica quotidiana. Este
foi, sem dúvida, o primeiro
congresso de muitos”, começou por revelar a organização.

1º Congresso Português de Atualização
em Implantologia e
Endodontia, organizado pela
Galimplant & Endogal Portugal, decorreu nos dias 27 e
28 de maio, na Fundação Dr.
António Cupertino de Miranda, no Porto. O evento contou
com a participação de mais
de 200 participantes. A Dental Tribune Portugal marcou
presença no Congresso e falou
com a organização que revelou
ter sido “um desafio” organizar este evento depois de dois
anos sem presença física.

Houve momentos de partilha e experiência com todo o setor

[19] =>

PORTUGAL

Foram dois dias intensos de formação especializada

mos a ver os frutos de todo
o esforço e de toda a dedicação. Evidentemente que
isso também se deve à colaboração que temos com muitos médicos, que depositaram
em nós a sua confiança desde o primeiro dia”, afirmam.
Quanto ao futuro, a Galimplant & Endogal estão já a
trabalhar num novo congresso em Portugal, que “pode-

rá acontecer daqui a um ou
dois anos”, embora tenham já
agendado para setembro e novembro deste ano um Curso
Modular de Endodontia, que
se irá realizar em Aveiro. Para
além disso, e com o intuito de
“oferecer o melhor serviço aos
clientes em Portugal”, a Galimplant & Endogal estão
também a aumentar a equipa
de consultores de produtos.

tar das 12 apresentações e
dos três workshops práticos”.
De acordo com a organização
“foram dois dias intensos de
formação especializada, com
tópicos de grande interesse para o setor dentário”. Os
temas abordados centraram-se nas áreas de implantologia e endodontia, “da instrumentação e traumatologia
dentária, à peri-implantite”.
Questionados sobre o mercado português, os organizadores referem que é um mercado
“extremamente importante”,
uma vez que “a empresa está
localizada na Galiza, o que
implica uma ligação direta
com Portugal, país vizinho
e irmão”. Também culturalmente e historicamente, Espanha e Portugal sempre tiveram uma ligação especial e
é, por isso, que a Galimplant
& Endogal querem “unir esforços para melhorar o setor
dentário em Espanha e Portugal. Passámos anos a tentar
posicionar-nos no mercado
português e agora começa-

No. 3/2022 - setembro |

Dental Tribune Edição Portuguesa

O evento decorreu na Fundação Dr. António Cupertino de Miranda

[20] =>

MUNDO

20 | No. 3/2022 - setembro

Dental Tribune Edição Portuguesa

Federação Europeia de Periodontologia

EuroPerio10 : o melhor de sempre
por: Dental Tribune Portugal

D

O lema da EFP é a saúde periodontal para uma vida melhor

europeia para o tratamento da
periodontite avançada (fase
IV ).
Segundo Andreas Stavropoulos, presidente da Federação
Europeia de Periodontologia,

“a EFP é a referência mundial
em saúde e doenças das gengivas. A principal missão da
EFP é consciencializar sobre
a importância da doença periodontal e da saúde das gen-

© EFP

Phoebus Madianos, presidente do EuroPerio10, afirmou que “este evento - considerado os ‘Jogos Olímpicos’
dos congressos dentários atrai os melhores palestrantes,
cientistas e clínicos de todo o
mundo. Trata-se do principal
evento organizado pela EFP e
o crescente sucesso do EuroPerio deve-se principalmente ao programa científico, que
expõe o presente e o futuro
da ciência e da prática clínica
das áreas de periodontologia e
implantologia”.
As palestras incidiram em novos tópicos, como o papel da
inteligência artificial no diagnóstico e tratamento da periodontite e as novas evidências em áreas previamente
estudadas, incluindo as ligações entre doenças gengivais
e cardíacas, diabetes, parto
prematuro e função pulmonar, e o resultado a longo prazo do tratamento periodontal.
E mais: foi apresentada neste
congresso a primeira diretiva

© EFP

e acordo com a Federação
Europeia
de Periodontologia
(EFP), o EuroPerio10, realizado entre os dias 15 e 18 de
junho em Copenhaga, foi o
mais emocionante até ao momento.

Phoebus Madianos na cerimónia de abertura

[21] =>

Dental Tribune Edição Portuguesa

MUNDO

No. 3/2022 - setembro |

21

© EFP

jovem geração de colegas pela
periodontologia. Esperamos,
sinceramente, voltar a ver esta
comunidade dentária no EuroPerio11, de 14 a 17 de maio
de 2025 em Viena, Áustria”.

© EFP

“Dental Coach App” , vencedores do 1º lugar dos prémios inovação

© EFP

“Dental Tracker” , arrecadaram o 2º lugar dos prémios inovação

O 3º lugar dos prémios inovação foi para a aplicação “AI-PERIO”

givas, e o nosso lema é a saúde periodontal para uma vida
melhor. É isso que comunicamos à sociedade e aos políticos para que possamos influenciar a tomada de decisões

e melhorar a saúde oral. A
nossa principal atividade formativa é o EuroPerio e esta
última edição atraiu um público muito jovem, o que indicou claramente o interesse da

PRÉMIOS INOVAÇÃO
A Federação Europeia de Periodontologia anunciou, durante o EuroPerio10, os vencedores do primeiro EFP
Innovation Award for Digital Solutions for Gum Health
apoiado pela GSK. O prémio
será concedido anualmente a
três projetos de inovação digital voltados para o público,
médicos dentistas e investigadores que contribuirão para a
saúde periodontal em todo o
mundo. Nesta primeira edição
do galardão, o vencedor (que
arrecadou 10.000 euros) foi a
“Dental Coach App”, de Lodewijk Gründemann e Melle
Vroom, de Goutum, nos Países Baixos. O segundo prémio, de 6.000 euros, foi para
a “Dental Tracker, uma aplicação móvel para pacientes,
dentistas e investigadores na
área da periodontologia”, de
Boey Sean Kuan, da Perio.Co,
em Singapura. O terceiro prémio de 4.000 euros foi para
a “AI-PERIO: integração da
perceção da saúde das gengivas e prevenção da periodontite numa aplicação móvel
baseada em inteligência artificial para combater a inflamação sistémica crónica de baixo grau”, de Giacomo Baima
e Mario Aimetti do Programa
de Pós-Graduação da Univer-

[22] =>

sidade de Turim, em Itália, em
colaboração com a Anti-Inflammaging Company.
Os projetos foram selecionados por um painel de jurados, incluindo presidentes de
vários comités da EFP e um
membro do comité executivo principal. Os quatro critérios utilizados para avaliar
cada aplicação foram: necessidade, mercado, apresentação
da ideia e plano de negócios.
Para serem elegíveis, as inovações digitais tinham que ser
direcionadas ao público, dentistas e/ou investigadores.
Para Andreas Stavropoulos,
“a periodontite, também chamada de doença gengival, é a
condição inflamatória crónica não transmissível mais comum em todo o mundo e, se
não tratada adequadamente,
muitas vezes leva à perda de
dentes. A periodontite é, no

MUNDO
entanto, amplamente evitável com uma boa higiene oral
e visitas regulares ao dentista.
As tecnologias digitais têm
um papel cada vez maior na
prevenção e no tratamento
desta patologia e este prémio
EFP, com o apoio da GSK,
visa apoiar as inovações nesta área”. Já Stephen Mason, da
GSK Consumer Healthcare,
disse: “Temos esta oportunidade de fazer uma diferença significativa para erradicar
problemas de saúde oral evitáveis para milhões de pessoas
em todo o mundo. Para fazer
isso, devemos reconhecer que
as pessoas não ficam apenas
online, muitas agora ‘vivem’
online. É por isso que a GSK
Consumer Healthcare se orgulha de ser patrocinadora do
novo EFP Innovation Award
for Digital Solutions for Gum
Health. As soluções digitais

Dental Tribune Edição Portuguesa

não são apenas um facilitador
essencial para melhorar a saúde periodontal, mas também
uma porta de entrada para
uma melhor saúde quotidiana.
Estamos comprometidos com
a EFP e nunca pararemos o
nosso percurso na procura de
novas formas de contribuir
para a melhoria da saúde gengival em todo o mundo”.
PRÉMIOS DE
INVESTIGAÇÃO
A par da estreia do “prémio
inovação”, a Federação Europeia de Periodontologia anunciou durante a cerimónia de
encerramento do evento os
vencedores do EFP-Jaccard
Research Prize in Periodontology 2022. Este prémio foi
lançado em 1995 pela EFP e
pela Fundação Jaccard da Universidade de Genebra, na Suíça, para promover a investiga-

22 | No. 3/2022 - setembro

O EuroPerio11 será de 14 a 17 de maio de 2025 em Viena, Áustria

[23] =>

MUNDO

No. 3/2022 - setembro |

Dental Tribune Edição Portuguesa

Vencedores do EFP-Jaccard Research Prize in Periodontology 2022

ção periodontal na Europa e
é concedido a cada três anos
no EuroPerio. O primeiro lugar desta edição foi dado ao
manuscrito “Clinical, microbiological and immunological effects of 3- or 7-day systemic antibiotics adjunctive to
subgingival instrumentation in
patients with aggressive (stage
III/IV grade C) periodontitis:
a randomised placebo-controlled clinical trial” (1). O seu
autor, Raluca Cosgarea (Uni-

versidade de Bonn, Alemanha), explica que “é uma grande honra e o resultado de um
excelente trabalho em equipa.
Receber este prémio é o reconhecimento final do meu trabalho enquanto investigador
na última década. Sinto-me
humilde, mas também motivado a continuar a trabalhar
arduamente em benefício dos
nossos pacientes e da periodontologia europeia”. O segundo prémio foi para “Exces-

sive inflammatory response to
infection in experimental peri-implantitis: resolution by Resolvin D2” (Universidade Hebraica de Jerusalém, Israel) (2)
e o terceiro para o manuscrito “Factors influencing tooth
loss in European populations”
(Hospital Universidade de
Greifswald, Alemanha) (3).
Os três manuscritos serão publicados no Journal of Clinical
Periodontology ( JCP), editado pela EFP.
O prémio foi aberto a membros das 37 sociedades nacionais de periodontologia filiadas à EFP. Um painel de cinco
jurados, incluindo editores do
JCP, um membro do comité
executivo da EFP e um membro do comité organizador do
EuroPerio10, selecionou três
manuscritos para a competição
final no congresso. O vencedor
foi selecionado com base na
importância da pesquisa para
a periodontologia, a sua originalidade, o calibre científico
e a qualidade do manuscrito e
apresentação oral.

EUROPERIO10 EM NÚMEROS

•

Mais de 7.000 participantes de 110 países.

•

Investigação original apresentada em mais de 900 resumos científicos.

•
•
•
•

66% dos participantes com menos de 45 anos e 33% com menos de 35 anos.
41 sessões científicas sobre temas emergentes de interesse para profissionais, cientistas e académicos.
Mais de 130 palestrantes de mais de 30 países.

50% de menos materiais impressos em relação ao EuroPerio9.

[24] =>

24 | No. 3/2022 - setembro

INDÚSTRIA

Dental Tribune Edição Portuguesa

CPC em colutórios quebra a
membrana SARS-CoV-2
- e reduz a quantidade de vírus ativo na saliva
por: Dental Tribune Portugal

Esta investigação, realizada com amostras de saliva de
pessoas infetadas que foram
tratadas em centros de cuidados primários, confirma a capacidade do CPC de romper a
membrana do vírus. O estudo
permitiu demonstrar in vivo
que o SARS-CoV-2 perde a
sua capacidade infeciosa uma
vez que com a membrana destruída não consegue penetrar
nas células. Portanto, os colutórios com CPC podem ser
uma ferramenta a considerar
na prevenção contra a infeção
causada pelas diversas varian-

© Towfiqu Barbhuiya em unsplash.com

Um estudo liderado pela Fundación Lucha contra las Infecciones em conjunto com
o IrsiCaixa AIDS Research
Institute e a Gerencia Territorial Metropolitana Nord del
Instituto Catalán de la Salud
(ICS), com a colaboração da
DENTAID Research Center,
demonstrou a atividade virucida do Cloreto de Cetilpiridínio (CPC) na saliva contra
o SARS-CoV-2, confirmando in vivo os resultados que já
haviam sido observados anteriormente em estudos in vitro,
realizados pela equipa de pesquisa da IrsiCaixa.

O colutório com CPC poderá reduzir a transmissão do vírus entre pessoas

tes do coronavírus.
“Concluir que um colutório
com CPC tenha uma atividade contra o SARS-CoV-2
é uma notícia muito boa, pois
o uso desse colutório poderá
reduzir a transmissão do vírus entre pessoas”, afirma Andrea Alemany, investigadora
da Fight Against Infections
Foundation e a primeira autora do estudo. Núria Prat, diretora dos Cuidados Primários

da Área Metropolitana Norte
do ICS, destaca o papel destes centros em investigações
deste tipo: “O facto de se ter
acesso direto a grandes amostras de pessoas e o trabalho
conjunto entre profissionais
de medicina geral e familiar,
enfermagem e medicina dentária permitiu o trabalho de
campo necessário para a realização do estudo”.
Um relatório recente da Or-

[25] =>

Dental Tribune Edição Portuguesa

INDÚSTRIA

No. 3/2022 - setembro |

25

Figura 1. Concentração de proteína do nucleocapsídeo (equivalente ao vírus SARS-Cov-2 não infecioso) na saliva de
pacientes positivos à Covid-19 uma e três horas após a elevação com CPC de 0,07% (curva laranja) e com Placebo (curva
azul). Representação esquemática do status do vírus na saliva antes de enxaguar (B) e três horas após o uso (C)

ganização Mundial de Saúde
(OMS) enfatiza o importante papel que a saúde oral desempenha na manutenção de
um bom estado de saúde geral, incluindo por exemplo
a sua relação com a doença
cardiovascular e a diabetes.
“Os resultados deste estudo permitem-nos confirmar
que os cuidados com a saúde
oral podem também ajudar
a prevenir a propagação do
SARS-CoV-2”, conclui Joan
Gispert, diretor de I+D+i da
DENTAID.
METODOLOGIA DO ESTUDO
Este estudo, publicado na revista científica Journal of Dental Research, é o resultado de
um ensaio clínico aleatório,
duplo-cego, paralelo e controlado por placebo, que foi
realizado em 19 centros de
cuidados primários da re-

gião metropolitana do Nord
de Catalunya entre os meses de fevereiro e junho de
2021. Participaram 118 adultos com infeção assintomática por SARS-CoV-2 ou com
sintomas leves de Covid-19,
nos quais a quantidade de
vírus (na saliva) com capacidade infeciosa foi analisada através do teste ELISA.
“Com este teste, ao contrário
do PCR, podemos avaliar a
capacidade do CPC em romper a membrana do vírus uma
vez que ele deteta as proteínas
do nucleocapsídeo do SARS-CoV-2”, explica Nuria Izquierdo-Useros, investigadora
principal do IrsiCaixa e coautora do artigo. As equipas de
medicina dentária dos centros
de cuidados primários foram
responsáveis pela realização
dos procedimentos do estudo,
com a coordenação da equi-

pa de pesquisa da Fundação
de Combate às Infeções. Por
outro lado, todas as amostras
foram analisadas no departamento de Microbiologia do
Laboratório Clínico da Metropolitana Nord e na IrsiCaixa.
UM HÁBITO SAUDÁVEL
As conclusões do estudo
apontam para que a utilização de colutórios com CPC
pode ser adicionada a outras
estratégias para evitar a disseminação do SARS-CoV-2,
especialmente agora que as
medidas de proteção, como o
uso de máscaras, está em declínio. O estudo “Cetylpyridinium Chloride Mouthwash
to Reduce Shedding of Infectious SARS-CoV-2: A Double-Blind Randomized Clinical Trial” foi publicado no
Journal of Dental Research.

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CASO CLÍNICO

Dental Tribune Edição Portuguesa

Periodontite agressiva num
paciente jovem

Abordagem reabilitativa conservadora minimamente invasiva
por: Eduardo Anitua DDS, MD, PhD*

INTRODUÇÃO
A doença periodontal agressiva foi definida no consenso de
periodontologia de 1999 como
uma patologia periodontal que
acomete jovens sem patologias
associadas e com historial familiar de doença periodontal. Esta
patologia é caracterizada pela
rápida perda de inserção dentária e elevada perda óssea num
espaço de tempo relativamente
curto1-3. Por afetar pacientes jovens e gerar grande destruição,
produzem-se quadros de atrofia
óssea muito grave em pacientes
jovens, o que torna a resolução
dos casos complexa do ponto de
vista da obtenção da conformidade estética e funcional, além
de serem pacientes que devem
ser submetidos a check-ups regulares uma vez reabilitados,
dado que a possibilidade de
ocorrência de inflamação e peri-implantite é um facto4,5. Em
defesa deste conceito, existem
recomendações sobre a reabilitação de implantes coexistentes
com dentes acometidos por periodontite, encontrando-se tra-

balhos que defendem que a manutenção dos dentes é possível
sem colocar em risco a reabilitação do paciente e outros onde
se recomenda evitar estes dentes
pelo efeito potencialmente prejudicial nos implantes6-10. Neste
tipo de pacientes, com doença periodontal agressiva, onde
as nossas restaurações com implantes devem ser mantidas na
boca, previsivelmente afetados
por diferentes fatores que podem produzir perdas ósseas em
torno dos implantes e tecidos
moles peri-implantares variáveis, a manutenção de dentes-chave pode ser um benefício e
não um ponto negativo. Conseguir manter os dentes, embora
a priori tenham um prognóstico questionável nas restaurações com implantes, pode ser
benéfico para manter o esquema
oclusal, assim como a propriocepção, que com as restaurações
com implantes é grandemente perdida quando não há dentes presentes11-14. Alcançar um
bom esquema oclusal, baseado
na propriocepção e na distribui-

* Private practice in oral implantology, Eduardo Anitua Institute, Vitoria, Spain.
Clinical researcher, Eduardo Anitua Foundation, Vitoria, Spain.

University Institute for Regenerative Medicine and Oral Implantology - UIRMI (UPV/EHU-Fundación Eduardo Anitua), Vitoria, Spain.

Corresponding author: Dr. Eduardo Anitua, Eduardo Anitua Foundation; C/ Jose Maria Cagigal
19, 01007 Vitoria, Spain; Phone: +34 945160653, e-mail: eduardo@fundacioneduardoanitua.org.

ção das tensões nas partes-chave da mordida, tanto na máxima intercuspidação quanto nos
movimentos excursivos mandibulares, juntamente com a correta manutenção periodontal e
peri-implantar, pode ser a chave para o sucesso no tratamento
com implantes dentários em casos de periodontite agressiva em
pacientes jovens, como o caso
apresentado abaixo15-17.
CASO CLÍNICO
Apresentamos o caso de um
paciente de 35 anos, fumador,
com doença periodontal agressiva avançada e má higiene oral,
que veio ao nosso centro a solicitar tratamento restaurador
com base em implantes dentários, pois havia feito vários tratamentos com próteses removíveis que falharam. No exame
intraoral, podemos observar
periodontite avançada, perda de inserção na maioria dos
dentes, mau controlo da placa
bacteriana e uma prótese removível não adaptada ancorada em
dentes móveis (figuras 1 e 2).
Na radiografia inicial, observámos a perda óssea horizontal que a maxila e a mandíbula
apresentam, com áreas de acometimento em forma de cunha
mais acentuadas e dentes sem

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CASO CLÍNICO

No. 3/2022 - setembro |

Dental Tribune Edição Portuguesa

Figuras 4-5. Imagens após extrações,
regeneração com PRGF-Endoret,
escultura de caninos para provisórios
e manutenção periodontal inicial.

Figuras 1 e 2. Imagens intraorais do
caso em que podemos observar perda óssea e mau controlo da placa
bacteriana por parte do paciente.

Figura 3. Radiografia inicial. Podemos ver a perda óssea horizontal com
áreas onde não há suporte ósseo
para alguns dentes, além de cáries
destrutivas e restos radiculares.

suporte ósseo, além de cárie e
restos radiculares (figura 3).
Procedemos à extração dos dentes com um prognóstico impossível, regenerando os alvéolos
com PRGF-Endoret e conservando peças dentárias chave em
ambos os arcos, o que nos permitirá fazer provisórios suportados durante a primeira fase de
cicatrização da exodontia, bem
como manter a propriocepção.
Para este efeito, são mantidos
os caninos superiores e inferiores, os quais são esculpidos para

Figura 6. Radiografia após extrações
e tratamento periodontal inicial.

aplicar sobre eles a prótese provisória, bem como dois molares
inferiores com um bom prognóstico (37 e 46), sendo todos
os dentes retidos submetidos a
uma manutenção periodontal
exaustiva (figuras 4-6).
Duas semanas após as extrações,
com a cicatrização dos tecidos
moles, iniciamos a inserção dos
implantes mandibulares. Para o
fazer, realizamos uma TAC de
planeamento. Nela podemos
observar que há uma reabsorção horizontal extrema na área
correspondente aos incisivos inferiores, o que nos faz optar por
implantes de plataforma e diâ-

Figuras 7 e 8. Imagens da TAC de
planeamento correspondente à área
dos incisivos inferiores. Nesta área
existe um importante compromisso
horizontal, razão pela qual optámos
por implantes 3.0.

metro reduzido (figura 7 e 8),
sendo neste caso o implante selecionado para ambos os incisivos laterais a repor um implante
de plataforma de 3,0 e 7,5 mm
de comprimento. No resto dos
implantes inferiores, são escolhidos os diâmetros maiores dependendo da altura e largura da
crista óssea residual.
Os implantes inseridos na área
de 32 e 42 são colocados com
boa estabilidade inicial (35
Ncm), pelo que procedemos
à realização de carga imediata
desta área, colocando os transepiteliais multi-im no mesmo
procedimento cirúrgico (figuras 9 e 10). O resto dos implantes inseridos são deixados em
duas fases cirúrgicas.
Três meses após as extrações,
inicia-se a abordagem do implante maxilar. Nos cortes da
TAC de planeamento, podemos observar que há um défice
de altura em toda a maxila, sendo mais acentuado no segundo
quadrante, na área correspondente aos molares. Nesta zona

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CASO CLÍNICO

Figuras 9 e 10. Imagem intraoral dos
implantes inseridos em 32 e 42, bem
como a radiografia pós-operatória. É
confecionada uma prótese de resina
aparafusada sobre os transepiteliais.

existe apenas 1 mm de osso residual e por esta razão está planeado um levantamento do seio
através de uma abordagem lateral em simultâneo com a inserção dos restantes implantes que,
como podemos ver, são curtos e
extracurtos para evitar técnicas
acessórias mais complexas (figuras 11 e 12). Após a inserção dos
implantes superiores, espera-se
a consolidação do enxerto ósseo
do seio esquerdo e cinco meses
mais tarde procede-se à inserção
dos implantes nesta área, deixando todos os implantes superiores no lugar. Neste momento, opta-se pela exodôncia dos
caninos superiores e inferiores,
uma vez que se deterioraram
periodontalmente, e também
são confecionadas próteses de
carga progressiva tanto para o
arco superior quanto para a inferior (figuras 13 e 14).
As próteses de carga progressi-

Figuras 11 e 12. Imagens do planeamento dos implantes superiores. Podemos ver como há uma perda horizontal
generalizada que nos faz planear a
inserção de implantes curtos e extracurtos e uma elevação sinusal convencional para o segundo quadrante.

va são mantidas durante 4 meses, período durante o qual os
tecidos gengivais amadureceram, com algumas áreas a apresentar leve recessão. A oclusão
está estável neste momento e
decide-se iniciar a confeção das
próteses definitivas (figuras 15
e 16). Estas são feitas com estruturas Cad-Cam fresadas (figuras 17 e 18), tendo a prótese
de transição do paciente como
ponto de partida o molde virtual. Uma vez obtida a estrutura, é montado sobre ela um
molde, para que possa ser testado no paciente. Desta forma
podemos corrigir os parâmetros
estéticos que necessitamos no
próprio paciente antes de avançar e finalizar a prótese (figuras
19 e 20). Finalmente, a prótese aparafusada é terminada em
metal-cerâmica transepitelial,
alcançando os parâmetros estéticos e funcionais desejados
e preservando os molares inferiores para garantir a proprio-

Figura 13. Planeamento do implante
inserido na zona de elevação do seio.

Figura 14. Prótese de carga progressiva superior e inferior utilizando
barras articuladas. Com este tipo de
elemento confecionamos próteses
de forma simples e cómoda, para
podermos adaptar a oclusão em
diferentes momentos do tratamento.

cepção do paciente (figuras 21
e 22). Desta forma passámos
de uma situação inicial com
uma doença periodontal agressiva e descontrolada para uma
cavidade oral reabilitada com
implantes dentários saudáveis
e com manutenção correta do
ponto de vista da doença periodontal e peri-implantar, como
podemos ver nas imagens iniciais e finais e na radiografia final aos 3 anos de acompanhamento (figuras 23-26).
DISCUSSÃO
A abordagem de casos com
doença periodontal agressiva é
um desafio, principalmente devido à idade dos pacientes e às
possíveis exigências estéticas, deparando-nos, em muitos casos,
com perda óssea generalizada

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CASO CLÍNICO

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Dental Tribune Edição Portuguesa

Figuras 19 e 20. Molde montado
sobre a estrutura para ser testado no
paciente e fazer as correções estéticas e oclusais necessárias.

Figuras 15 e 16. Imagens das próteses transitórias antes do início a
confeção das próteses definitivas.

inicial. O primeiro dos desafios
que devemos enfrentar é a extração dos dentes em mau estado e
a regeneração do alvéolo residual
para atingir o volume ósseo inicial máximo, o que nestes casos é
ainda mais importante16,17. O uso
do PRGF-Endoret na regeneração do alvéolo pós-extração traz-nos vantagens como a redução
da inflamação pós-operatória,
melhor epitelização (mais rápida e com maior espessura gen-

Figuras 21 e 22. Imagens das
próteses finalizadas, colocadas no
paciente.

Figuras 23-26. Imagens comparativas da situação inicial e final do
paciente. Na radiografia final passados três anos podemos observar a
estabilidade do tratamento realizado com manutenção periodontal e
peri-implantar sem perda óssea.

gival), maior regeneração óssea
na área tratada e osso regenerado
de maior qualidade e densidade.
Portanto, trata-se de uma técnica
autóloga, previsível e sem complicações decorrentes do seu uso,
pelo que podemos considerá-la
uma técnica segura18-22. Uma vez
regenerados os defeitos e realizadas as extrações, o segundo ponto

de vital importância é a reposição
dos dentes perdidos por meio de
implantes dentários. Nestes casos com perda óssea complexa
derivada da doença periodontal,
o ponto de partida para a colocação do implante geralmente não
é o melhor. Portanto, devemos
recorrer a técnicas minimamente
invasivas, como implantes curtos

Figuras 17 e 18. Criação das estruturas por Cad-Cam após digitalizar
os parâmetros oclusais obtidos com
as próteses provisórias.

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30 | No. 3/2022 - setembro

e/ou estreitos, para obter resultados previsíveis mesmo nessas
circunstâncias23,24. Implantes separados curtos e estreitos mostraram taxas de sobrevivência
semelhantes a implantes de diâmetro e comprimento convencionais. A maior dúvida poderia
advir da combinação de ambas
as características, como neste
caso clínico em que, em alguns
dos implantes, ocorrem ambas
as circunstâncias. Recentemente,
houve estudos que fizeram um
apanhado do uso de implantes
curtos com menor diâmetro, gerando uma revisão publicada em
2018, de acordo com a qual os
implantes com menos de 7 mm
de comprimento e menos de 3,5
mm de diâmetro têm uma sobrevivência semelhante aos implantes de comprimento convencional, com perda óssea após três
anos de acompanhamento de
0,5 mm23. A procura de soluções
pouco invasivas com alta previsibilidade e a preservação do maior
volume ósseo intacto possível
para o futuro, principalmente em
pacientes jovens como o caso que
nos preocupa, deve ser a nossa linha orientadora.
CONCLUSÕES
A regeneração dos alvéolos em
pacientes com doença periodontal, principalmente em casos agressivos e pacientes jovens,
pode ser abordada com PRGF-Endoret® de forma segura e
previsível. No caso de pacientes
periodontais com doença grave,
a coexistência das peças dentárias que possam ser preservadas com os implantes inseridos
é uma alternativa segura, desde

CASO CLÍNICO
que o paciente esteja comprometido com a manutenção periodontal e o planeamento do
caso seja cuidadoso.
Poder evitar próteses removíveis
e colocar provisórios sobre os implantes desde o primeiro momento melhora significativamente a
qualidade de vida do paciente.
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Dental Tribune Edição Portuguesa

MUNDO

No. 3/2022 - setembro |

31

100 Anos de IDS

– a marca global celebra o seu aniversário em 2023
por: Dental Tribune Portugal

40ª edição do Internacional Dental Show em antevisão.

Mark Stephen Pace, os seus
100 anos são “uma amostra
do que consiste a indústria no
seu todo, no que diz respeito a inovações e a tendências
de mercado, à consistência e
a uma comparação constante
com as melhores performances”, sem nunca esquecer, pela
“liderança que conquistou,
que tem vindo a ser confirmada por ser a maior plataforma
internacional deste tipo de in-

dústria durante décadas”.
O evento da medicina dentária internacional tem vindo
a ser conduzido na feira de
Colónia há mais de 30 anos,
quando em 1992 a Associação
Alemã de Manufaturas Dental (VDDI) decidiu apoiar a
IDS com um espaço permanente nesta cidade, que até
então estava confiado à Koelnmesse que organizava a feira
a cada dois anos.

© IDS

Confiança e inovação, analógico e impressão digital, realidade virtual e modelos físicos,
são o mote para a 40ª edição
do Internacional Dental Show
(IDS) e o culminar de um caminho trilhado por um século.
A organização antevê que
num futuro próximo “as impressões digitais ou analógicas sejam implementadas”.
No entanto, o caminho que já
está a ser trilhado é o da “variante digital” que terá “uma
maior probabilidade de ser
implementada e de se expandir no futuro”.
Da mesma forma que “as impressões analógicas podem ser
processadas usando um design digital e uma produção
Cad-Cam, o scanning digital
também pode auxiliar o modelo físico ou então proceder
à reestruturação ou frameworks”.
Para o presidente executivo da
Associação Alemã de Manufacturas Dentárias (VDDI),

© IDS

A

confrontação entre
analógico e digital vai
marcar a maior feira
de indústria dentária mundial
que, no próximo ano, vai também celebrar a 40ª edição do
Internacional Dental Show
(IDS), entre 14 e 18 de março
de 2023, Colónia, Alemanha.

IDS decorrerá de 14 a 18 de março de 2023, em Colónia, Alemanha

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32 | No. 3/2022 - setembro

OPINIÃO

Dental Tribune Edição Portuguesa

BEAUTIFUL LIE
por: Cátia Íris Gonçalves

Hoje apetece-me pôr-vos
a pensar sobre um conceito, um lugar, um plot twist,
uma linha que separa uma
métrica impossível de medir,
os paradoxos de mentira nos
quais o ser humano estabelece as regras.
Após uma notícia na rádio,
em que alguém da OMS dizia algo como “o fim da pandemia é um conceito ditado
por humanos, ainda que baseado em factos”, um novelo de pensamentos começou
a desenrolar-se no silêncio
da minha cabeça (estava tão
bom!).
Enquanto a Covid-19 nos
parece já assunto quase enterrado (como crianças com
traumas passados que evitam
e apagam os eventos recentes), na China as restrições,
confinamentos e retenções
de turistas sucedem-se, de
forma indeterminada, como
um português (felizmente)
não consegue imaginar.
Isto das viroses é manhoso,
nunca sabemos o que os sacaninhas vão inventar - uma
mudança numa cadeia proteica, na capacidade de replicação ou nos sistemas de
ligação ao hospedeiro - implicando uma série de eventos previstos e imprevistos mas pior, pior são as coisas
dos humanos.

Quem, como, porquê e quando estabelecer esse conceito de limite, essa barreira de
risco transponível para qualquer coisa que não depende
apenas e só da vontade, capacidade e desempenho de
um só indivíduo (e quase
nada depende).
Vejamos - vivemos numa
constante escolha, selecção,
desde que acordamos (partindo do princípio que dormimos, introduzindo um
momento de pausa na loucura que é estar vivo) até que
nos deitamos de novo e até
a escolha da roupa de cama
importa e impacta no nosso
descanso - e descanso é vida.
Num momento em que muitos já terão regressado de férias (eu ainda não fui, mas
tenho este estranho hábito
de procrastinar as férias para
o fim do verão), vale a pena
pensarmos um pouco, para
que colhamos, no futuro, os
frutos dessa introspecção,
para a aplicação prática dos
nossos limites.
Quanto de nós, dos nossos,
estamos dispostos a abdicar e sacrificar por uma causa - tantas perguntas se encerram numa única: o quê?,
por quanto tempo?, por que
causa?, quais as consequências? e muitas outras perguntas se acumulam quando

nos vemos privados dos direitos, dos hábitos, da normalidade que para nós desenhamos diariamente e à qual
nos habituámos, que nos traz
conforto, segurança, mas
também desafio, estímulo,
intrepidez, rebeldia?
Um homem não vive só de
necessidades básicas e o
mundo parece ter-se esquecido completamente da pirâmide de Maslow, publicada
em 1943, durante a geração
dos nossos pais, os quais viveram tempos de regime,
privações e inconseguimentos que seriam, hoje em dia,
insuportáveis para as gerações mais jovens (e isto tem
também o seu impacto positivo e obscuro).
Num mundo material, físico, terreno, temos mesmo de
estabelecer limites, pois não
vivemos ao sabor de conceitos como “infinito”.
Não imagino - e ainda bem
- o povo português a acolher as decisões políticas e
sociais de uma China, mesmo numa questão de saúde
pública como é a Covid-19,
mas também não vos sei dizer onde teríamos posto o pé
no travão. Ou como. E vale a
pena pensarmos muito bem
antes de verbalizarmos, pois
da palavra ao acto, o degrau é
mais curtinho. Observemos

[33] =>

OPINIÃO

33

“Beautiful Lie”, 30 Seconds to
Mars, 2005
Cátia Íris Gonçalves

os diferentes cenários e realidades um pouco por todo o
mundo (nunca estivemos tão
globalizados e tão distantes
nas nossas realidades), atentemos nos nossos limites actuais, que começam, antes da
nossa casa, dentro de nós e
extravasam as nossas pare-

No. 3/2022 - setembro |

Lie awake in bed at night
And think about your life
Do you want to be different?
Try to let go of the truth
The battles of your youth
Cause this is just a game
It’s a beautiful lie
It’s a perfect denial
Such a beautiful lie to believe in
So beautiful, beautiful, it makes me
It’s time to forget about the past
To wash away what happened last
Hide behind an empty face
Don’t ask too much just say
Cause this is just a game
It’s a beautiful lie
It’s a perfect denial
Such a beautiful lie to believe in
So beautiful, beautiful, it makes me
Oh!
Everyone’s looking at me
I’m running around in circles
A quiet desperation’s
Building higher
I’ve got to remember this is just a game
So beautiful, beautiful
(Lie! Lie!)

© Cátia Íris Gonçalves

Dental Tribune Edição Portuguesa

des - pois estamos a assistir
a várias mudanças mundiais
em curso, algumas das quais,
independentemente de fazerem parte de um plano
maior e supostamente “melhor”, não sei se estamos dispostos a acatar.
Espero bem que não.

Sobre a autora:

Cátia Íris Gonçalves

Médica Dentista,
Mestrado em Periodontologia,
Directora-adjunta revista OMD,
Conselho Geral OMD

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