DT Portugal No. 1, 2022

“O papel do médico dentista é central para o bem-estar das pessoas” / SUMÁRIO / Nova parceria editorial no setor dentário / NOTÍCIAS / FDI lança “Mouth Proud Challenge” / Clínica Arriaga conta uma história de 18 anos / Colgate lança nova solução PerioGard / “A Importância da Saúde Oral” nas escolas / GSD Dental Clinics abre nova unidade em Alcântara / “Priorizamos as relações humanas” / Europeus têm dúvidas sobre cirurgia assistida por robô / TENDÊNCIAS / A linguagem: a audácia do exercício da empatia

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Table of contents

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Dental Tribune Edição Portuguesa

No. 1/2022 - março |

março 2022 - Ano I - nº1

1

www.dental-tribune.com

© OMD

MIGUEL PAVÃO - BASTONÁRIO DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAS

“O papel do médico dentista é central para
o bem-estar das pessoas”

Miguel Pavão fala ao Dental Tribune Portugal sobre o caminho que tem sido percorrido desde que
“encabeçou” a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), em julho de 2020. (pág. 8)

“Mouth Proud Challenge”

Cirurgia assistida por robô

Campanha OMD

O desafio da Federação Dentária
Internacional (FDI) une as pessoas em
torno da comemoração do Dia Mundial da Saúde Oral 2022, que acontece
a 20 de março. . ............................12

Reflexões sobre um estudo realizado pela Universitat Oberta de
Catalunya (Espanha) e algumas
opiniões de médicos dentistas
portugueses........................... 24

Alerta para perigos de teleconsultas
de ortodontia e aquisição de tratamentos online. Preocupação já foi
transmitida à Entidade Reguladora
da Saúde.....................................30

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2 | No. 1/2022 - março

EDITORIAL

Dental Tribune Edição Portuguesa

SUMÁRIO
Notícias................................4
Entrevista Miguel Pavão Bastonário da Ordem dos
Médicos Dentistas...............8
Dia Internacional da Saúde
Oral da FDI....................... 12

FICHA TÉCNICA
Dental Tribune Edição Portuguesa
Propriedade: Editora Códigopro Edição de Publicações Periódicas
Unipessoal, Lda.
NICP: 506 955 109
Sede do editor, da redação e do impressor:

Clínica Arriaga conta uma
história de 18 anos............. 14

Praça Mouzinho de Albuquerque, nº
113 - 5.o andar
4100-359 Porto, Portugal
Tel.: (+351) 226 090 009

Indústria - Colgate lança
nova solução PerioGard..... 16

Gerente/Diretor:
Ricardo Flaminio

Projeto “Bem-me-quero” promove “A Importância da Saúde Oral” nas escolas............ 18

T: (+351) 916 772 974
E: ricardoflaminio@codigopro.pt
Editora:
Fátima Amaral Ferreira

GSD Dental Clinics abre
nova unidade em Alcântara,
Lisboa................................ 20
Entrevista com Diogo Fragoso e Cláudia Cardoso da
Clínica Domus Salutem em
Abrantes............................ 22
Cirurgia assistida por robô
- reflexões sobre o estudo da
Universitat Oberta de Catalunya e opiniões dos profissionais portugueses ............ 24
Campanha OMD alerta para
perigos de teleconsultas de
ortodontia e aquisição de tratamentos online.................. 30
Opinião de Cátia Íris Gonçalves - A linguagem: a audácia do exercício da empatia.32

(detentor de 100% do capital)

(CJ 5830 A/FIJ P1634)

Jornalistas: Daniela Monteiro e
Paulo Sá Ferreira
Design e Paginação: Hugo Sousa
Assinaturas: Marta Campos
marta.campos@codigopro.pt
Publicidade: Carlos Silva
carlos.silva@codigopro.pt
Web: www.pt.dental-tribune.com
Periodicidade: Trimestral
Tiragem: 4000 exemplares
Estatuto Editorial: codigopro.pt/
Dental Tribune-estatuto-edit

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Dental Tribune Edição Portuguesa

No. 1/2022 - março |

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DENTAL TRIBUNE INTERNATIONAL E DENTALPRO

Nova parceria editorial no
setor dentário
por: Dental Tribune Portugal

Em fevereiro de 2022 nasceu
uma nova parceria editorial
entre estas duas publicações,
com a partilha de conteúdos, juntando o know-how
do setor nacional da DentalPro com a vastíssima base de
dados da edição mundial do
Dental Tribune International.
Com esta aliança, os profissionais do setor podem contar
com mais e melhores conteúdos da área da medicina dentária.
O Dental Tribune International (DTI) é a maior rede dentária do mundo, fornecendo
informações essenciais, canais
de comunicação, formação e
serviços de gestão de prática
clínica para toda a comunidade odontológica. Fundado em
Leipzig, Alemanha, em 2003,
o DTI inclui atualmente mais
de 400 publicações impressas, distribuídas em mais de
90 países e em mais de 25 línguas, ligando mais de um milhão de profissionais de saúde
oral em todo o mundo.
A DentalPro inicia esta parceria com uma edição portuguesa do Dental Tribune International, partilhando não

só conteúdos ao nível de imprensa escrita, assim como
conteúdos exclusivos através
de publicações periódicas digitais. O intuito é alargar o
horizonte de conteúdos internacionais para a edição da
DentalPro, e, ao mesmo tempo, proporcionar a divulgação
do que melhor se faz na medicina dentária nacional.
Para Ricardo Flaminio, diretor da revista DentalPro, “esta
parceria permitir-nos-á assumir uma dimensão global tendo acesso a mais informação
que divulgaremos aos nossos
leitores. Gosto muito de dar o
exemplo de um fabricante internacional que conheci numa
das visitas ao IDS que afirmava não ter tempo suficiente
para falar com todos os jornalistas de todo o mundo (obviamente especializados em
medicina dentária). Desta for-

ma, e com o Dental Tribune
International, apenas existia
um interlocutor para os vários
países onde a revista é distribuída o que facilita e reduz o
número de contactos”.
Bjoern Kempe, Chief Development Officer do Dental
Tribune International, afirma:
“Tive conhecimento da revista DentalPro através de uma
amiga alemã, Tânia Mutert de
Barros, que mora em Portugal
há vários anos e é responsável por representar salões internacionais que ocorrem em
várias cidades da Alemanha e
em diferentes setores de atividade. Ela mencionou o bom
histórico da revista DentalPro e da sua equipa e isso levou-me a contactar o diretor
Ricardo Flaminio e a editora Fátima Amaral Ferreira, e a
acolhê-lhos na grande família
que é o Dental Tribune”.

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4 | No. 1/2022 - março

NOTÍCIAS

Dental Tribune Edição Portuguesa

ESTUDO NOS EUA

Bactérias orais diminuem a imunidade antiviral
por: Dental Tribune International

Investigadores norte-americanos examinaram recentemente
o papel que os micróbios orais
desempenham na regulação das
respostas antivirais na cavidade
oral. Descobriram que as proteínas produzidas pelas células epiteliais orais protegem os humanos contra os vírus que entram
no corpo pela boca, incluindo o
SARS-CoV-2, mas que as bactérias orais podem suprimir a
atividade dessas células, aumentando assim a vulnerabilidade à
infeção.

No estudo, intitulado “Microbiome-mediated incapacitation
of interferon lambda production
in the oral mucosa” os investigadores usaram tecidos gengivais
humanos, modelos de camundongos e abordagens in vitro
para mostrar que a produção de
interferons, que são importantes citocinas antivirais que desempenham um papel crítico
na limitação da infeção viral, e a
imunidade antiviral são severamente comprometidas na presença do patógeno bacteriano

oral Porphyromonas gingivalis.
“O aspeto mais interessante do
nosso estudo é que descobrimos
como os residentes bacterianos
do biofilme oral podem determinar a eficácia das respostas
do interferon do hospedeiro”,
explicou Bagaitkar ao Dental
Tribune International e acrescentou que a descoberta é bastante inovadora e tem implicações importantes para entender
o que pode predispor um indivíduo a uma infeção viral.

COVID-19

Avança introdução da teleodontologia
por: Dental Tribune International

Uma pesquisa nos Emirados
Árabes Unidos e na Arábia
Saudita revelou que 88% dos
inquiridos apreciam as vantagens da teleodontologia e da
comunicação online, resultado
da pandemia pelo novo coronavírus.
Os resultados da pesquisa fazem parte de um artigo cien-

(Imagem: Elnur/Shutterstock)

tífico mais amplo que foi
apresentado no segundo Fórum Digital Health MENA
no outono passado, no Dubai.
De acordo com o Dental Tribune Brasil, a pesquisa foi
realizada entre mil participantes (metade dos quais nos
Emirados Árabes Unidos e
na Arábia Saudita), que responderam a perguntas sobre
o “futuro da telessaúde e da
teleodontologia e como foram
influenciados pela pandemia”,
confirma Angelo Maura, diretor geral para a região do
Médio Oriente e África da
Align Technology, ao Dental

Tribune Middle East.
“Descobrimos que os pacientes definitivamente passaram
por uma mudança de mente
ao adotar o novo normal da
odontologia digital”, revela
Angelo Maura.
Embora apenas “32% dos inquiridos tenham usado ferramentas de comunicação
digital online para interagir
com seu dentista durante os
confinamentos da Covid-19,
a maioria dos que o fizeram
(78%) mostra que as considerava “convenientes e pretendia continuar a usar essas ferramentas digitais no futuro”.

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Dental Tribune Edição Portuguesa

NOTÍCIAS

Doença periodontal aumenta risco
de doenças crónicas, incluindo
problemas de saúde mental
por: Dental Tribune International

Um estudo da Universidade de Birmingham destaca a
importância da implementação de abordagens preventivas para o manuseamento da
doença periodontal e a necessidade de melhorar a comunicação entre a equipa médica e
dentária, a fim de minimizar
o risco de desenvolver problemas de saúde.
No estudo, os investigadores analisaram os registos de
64.379 pacientes que tinham
uma história registada de
doença periodontal informada
por GP, incluindo 60.995 pacientes com gengivite e 3.384
com periodontite. Os registos
dos pacientes foram comparados com os de 251.161 pacientes sem registo de doença periodontal, a fim de estabelecer
quantos pacientes com doença
periodontal e quantos pacien-

tes sem doença periodontal
desenvolveram doenças cardiovasculares, distúrbios cardiometabólicos, doenças autoimunes e doenças mentais,
incluindo depressão, ansiedade e doenças mentais graves,
numa média de três anos.
De acordo com os dados, os
pacientes com história de
doença periodontal no início
do estudo tinham quase o dobro de probabilidade de desenvolver doença mental, 37%.
Além disso, 33% dos pacientes
apresentavam risco aumentado de desenvolver doença autoimune, 18% mais probabilidade de desenvolver doença
cardiovascular e 7% mais probabilidade de ter distúrbio cardiometabólico. Entre os distúrbios cardiometabólicos, o
risco de desenvolver diabetes
tipo 2 era muito maior, de 26%.

(Imagem: Kasama Kanpittaya/Shutterstock)

No. 1/2022 - março |

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Isolamento social de idosos
associado a perda dentária
por: Dental Tribune International

Uma investigação da NYU
Rory Meyers College of
Nursing notou que os idosos
que estão socialmente isolados são mais prováveis de
não terem todos os dentes
e de os perderem mais rapidamente ao longo do tempo.
A investigação analisou idosos chineses e foi publicada
na Community Dentistry and
Oral Epidemiology.
Os idosos que estavam socialmente isolados tinham,
em média, menos 2,1 dentes
naturais e a taxa de perda de
dentes era 1,4 vezes maior do
que aqueles com laços sociais
mais fortes. Para entender a
relação entre o isolamento
social, a solidão e a perda de
dentes em idosos na China,
os investigadores usaram o
Chinese Longitudinal Healthy Longevity Survey para
analisar dados de 4.268 adultos com 65 ou mais anos.
Os participantes completaram inquéritos em três
pontos de tempo diferentes (2011-12, 2014 e 2018),
que capturaram medidas de
isolamento social e solidão
e quantos dentes as pessoas
tinham e perderam ao longo
do estudo de sete anos. Mais
de um quarto (27,5%) dos
participantes do estudo estavam socialmente isolados
e 26,5% diziam sentir-se sós.

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6 | No. 1/2022 - março

NOTÍCIAS

Dental Tribune Edição Portuguesa

Perda de paladar é superestimada
entre os pacientes com Covid-19?
por: Dental Tribune International

(Imagem: polkadot_photo/Shutterstock)

Estudo:
Inteligência artificial pode
melhorar deteção de cáries
por: Dental Tribune International

A utilização de inteligência
artificial (IA) pode melhorar a precisão de diagnóstico
dos médicos dentistas, nomeadamente, no caso das cáries. A conclusão é de um estudo controlado e aleatório da
Charité-Universitätsmedizin
Berlin.
Através do dentalXrai Pro,
um programa de software que
permite aos médicos dentistas analisarem radiografias
com base em IA, 22 médicos
dentistas analisaram 20 imagens aleatoriamente escolhidas de um total de 140. Das
20 imagens analisadas por
cada médico dentista, dez foram examinadas com a ajuda
desta ferramenta de IA, en-

A maioria dos pacientes com
Covid-19 relata disfunção
olfativa e gustativa, tornando-os entre os sintomas mais
comuns da doença e os mais
comuns a afetar a cavidade
oral. Investigadores italianos,
no entanto, descobriram que
a prevalência de hipogeusia
três meses após o início dos
sintomas pode ser significativamente menor do que o auquanto as outras dez não foram.
De acordo com os autores do
estudo, a hipótese de os médicos dentistas que utilizam a
IA serem significativamente
mais precisos do que aqueles
que não usam IA – provou ser
parcialmente correta.
“A utilização de IA aumentou
significativamente a sensibilidade dos médicos dentistas,
especialmente nas cáries dentárias, mas não alterou muito a
especificidade; em lesões mais
avançadas a IA não teve impacto na precisão de todo”.
“Os nossos resultados demonstram que combinar o
desempenho do modelo de
IA com a experiência humana pode atingir precisões que
estão além das da própria IA
[…] ou os especialistas humanos por si só”, escreveram os
autores.

to-relato indica.
Num estudo transversal, os
investigadores da Universidade de Trieste avaliaram 105
sobreviventes de Covid-19,
dos quais todos relataram um
comprometimento do paladar e quase todos (94,3%)
comprometimento
olfativo devido à infeção. A grande maioria (98,1%) dos pacientes tinha recuperado da
doença levemente sintomática e não havia evidência de
pneumonia. Os investigadores realizaram avaliações psicofísicas e psicológicas nos
participantes e descobriram que a hipogeusia pôde
ser confirmada em menos
de metade (41,9%) dos participantes. Este número caiu
para 28,6% depois dos resultados serem ajustados à idade
dos participantes.
Segundo os investigadores,
a hipogeusia auto-relatada pode ser consequência da
disfunção olfativa. “[De facto], o nosso estudo descobriu
que, mesmo quando perguntamos especificamente sobre
gostos básicos, mais de metade dos pacientes que relataram uma perceção alterada do paladar exibiam uma
função gustativa normal, enquanto a maioria deles tinha
uma deficiência olfativa”.

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NOTÍCIAS

Dental Tribune Edição Portuguesa

No. 1/2022 - março |

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King’s College lança sociedade estudantil para
medicina dentária sustentável
Todas as indústrias estão envolvidas na necessidade de reduzir as emissões de carbono, e
a medicina dentária não é exceção. Uma nova sociedade estudantil na Faculdade de Medicina Dentária, Ciências Oral
e Craniofacial do King’s College London dedica-se à medicina dentária sustentável.
De acordo com o King’s College London, a nova sociedade
estudantil King’s Innovative
Sustainable Dentistry (KISDsigla em inglês) - parte da Faculdade de Medicina Dentária,
Ciências Oral e Craniofacial tem como objetivo promover
uma comunidade onde os alunos podem mergulhar na evolução da prática da medicina
dentária.
Diana Dourou, estudante do
King’s College e fundadora e
presidente do KISD, disse em
comunicado de imprensa que
“considerando o caráter multissetorial da profissão dentária, é possível atuar junto aos
profissionais da área e dos órBatido recorde de
“desperdício” de chequesdentistas em 2021
por: Dental Tribune Portugal

Segundo a Ordem dos Médicos Dentistas, o desperdício
com cheques-dentista, que são
atribuídos a grupos específi-

© King’s College London

por: Dental Tribune International

Diana Dourou, estudante do King’s College e fundadora e presidente do KISD

gãos reguladores, tanto a nível
populacional quanto político,
de forma a contribuir para o
cumprimento das metas de redução de emissões para 2030”.
Segundo a estudante, avaliar
criticamente os procedimentos
médicos e o uso de materiais
e equipamentos que produzem
uma grande pegada de carbono é crucial para reduzir o impacto da medicina dentária no

meio ambiente.
“A introdução da medicina
dentária sustentável nos currículos académicos tem o potencial de ajudar os alunos a
avaliar criticamente as intervenções odontológicas com
alta pegada de carbono e aumentar a consciência sobre o
impacto ambiental da profissão”, afirma Diana Dourou.

cos da população para utilização em clínicas e consultórios
privados, tem sido uma constante ao longo dos anos - cerca
de um terço não são usados mas em 2021 este valor atingiu
um recorde. O ano passado foi
aquele em que mais cheques-dentista foram emitidos - 711

mil - mas, proporcionalmente,
foi o ano em que o desperdício foi mais gritante - 41%
dos vales, 292 mil, ficaram por
utilizar, de acordo com os dados que constam do Portal de
Transparência do Serviço Nacional de Saúde.

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8 | No. 1/2022 - março

ENTREVISTA

Dental Tribune Edição Portuguesa

MIGUEL PAVÃO - BASTONÁRIO DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAS

“O papel do médico dentista é central
para o bem-estar das pessoas”
por: Dental Tribune Portugal

M

iguel Pavão fala
ao Dental Tribune
Portugal sobre o
caminho que tem sido percorrido desde que passou a liderar a Ordem dos Médicos
Dentistas (OMD), em julho
de 2020. Para o bastonário,
o foco deste mandato assenta
em três grandes áreas: “a defesa de políticas de saúde oral
que melhorem a qualidade de
vida das pessoas, a valorização da nossa classe profissional, tantas vezes esquecida, e
a garantia de que a formação
superior e pós-superior prestada em Portugal se torna
uma referência europeia”.

Que balanço faz dos meses enquanto bastonário da
OMD?
Este ano e meio passou a voar,
desde logo por um conjunto
de experiências e circunstâncias que todos fomos vivendo.
Quando me candidatei a bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas não havia pandemia, esta apareceu durante
o período eleitoral e perma-

© OMD

nece até hoje. No dia em que
tomei as rédeas da OMD
compreendi que ia enfrentar
algo de que não estava à espera, nem eu, nem ninguém...
O nosso primeiro desafio foi
lidar com esta situação, para

a qual não existia, por assim
dizer, um modelo de atuação,
pelo que se tornou numa prioridade comum no quotidiano
das ordens profissionais. Começámos pela preparação do
plano outono/inverno, no qual

[9] =>

Dental Tribune Edição Portuguesa

a OMD também colaborou, a
seguir deu-se a integração dos
médicos dentistas na linha de
apoio aos profissionais de saúde e, depois, veio um processo difícil, muito exigente - e,
que juntamente com o grupo
Covid-19, me consumiu muita energia -, relacionado com
a questão da vacinação aos
médicos dentistas. Enfrentámos muitos constrangimentos e incertezas, e até alguma
precipitação por parte dos colegas, o que gerou um grande
tumulto inicial, próprio desta
pandemia. No fim, podemos
dizer que o resultado é satisfatório e que correu tudo bem,
porque encontrámos um “ponto de abrigo”, o vice-almirante
Gouveia e Melo, que trabalhou
com confiança, profissionalismo, sem falsear expectativas,
e que nos permitiu comunicar corretamente com a classe. Diria que o processo entrou
numa normalização e vamos
tendendo para uma situação
mais tranquila.
A profissão “sofreu” com a
pandemia?
Durante este período existiram muitas incertezas relativamente à situação da medicina dentária. Fomos postos em
causa, pensámos muitas vezes
qual seria o futuro da nossa atividade médica. Mas as
ameaças fizeram-nos refletir e
verificámos a validade do adágio, segundo o qual aquilo que
não nos mata torna-nos mais
fortes. Verificámos também
que prestamos um serviço es-

ENTREVISTA
sencial de base médica, de saúde, satisfazendo uma necessidade que não é supérflua, o que
nos posiciona relativamente a
muitas outras áreas que acabaram por ficar mais fragilizadas.
Isto demonstrou que o papel
do médico dentista é central
para o bem-estar e a vida das
pessoas. Mas, há ainda outras questões que vieram a ser
exacerbadas com a Covid-19,
como é caso da fadiga e do
stress pandémico, com consequências diretas sobre a nossa
profissão. No entanto, percebemos que a medicina dentária, que sofreu bastante com
tudo isto, demonstrou não ser
um setor desregulado ou pouco consolidado, acabando por
se afirmar. As ameaças que
sobre nós pairam são, assim,
aquelas que já existiam antes,
como por exemplo a precariedade na profissão ou a emigração dos mais jovens.
“Mudar. Pelo Futuro da Profissão” foi o lema da sua campanha. Que mudanças foram
já concretizadas?
Já há trabalho feito. Nos primeiros seis meses, o espaço
físico da OMD sofreu remodelações, houve a integração
da nova equipa e a criação de
novos departamentos, em que
destaco o Gabinete de Acompanhamento ao Médico Dentista, o que nos ajudou a pôr
em marcha o nosso plano de
ação para quatro anos. Além
disso, foram lançados os colégios das especialidades de Cirurgia Oral, Odontopediatria e

No. 1/2022 - março |

Periodontologia, onde tivemos
as primeiras eleições com voto
eletrónico, algo muito importante para mim, porque sempre acreditei que as instituições
têm que acompanhar os fenómenos da vanguarda. A nossa
Ordem, durante muito tempo,
não quis evoluir neste sentido.
Nós, à primeira oportunidade, avançámos. Para além de
avançarmos com um conjunto
de regulamentos, onde destaco
o das competências setoriais,
que está em curso. Lançámos
a Bolsa de Formação Professor
João F. C. Carvalho, que muito
dignifica a memória de um dos
fundadores da OMD e prestigia a nossa profissão.
Outra medida que fizemos
avançar foi o exame de competências linguísticas, a Prova
de Comunicação em Medicina
Dentária, destinada aos candidatos estrangeiros, tendo o
Instituto Camões como parceiro capaz de validar as competências fundamentais para a
relação médico/doente.
No seguimento da formação, criámos o Fórum Ensino
e Profissão Médico-Dentária, juntamente com a Associação Nacional de Estudantes de Medicina Dentária
(ANEMD), uma plataforma
que tem como fulcro os futuros médicos dentistas, estudantes e colegas recém-formados. Se esses colegas não
estiverem no cerne das nossas
decisões, não os estamos a defender verdadeiramente. Tudo
aquilo que diz respeito ao ensino e à profissão só se vai reper-

[10] =>

10 | No. 1/2022 - março
cutir daqui a uns anos. Por isso,
esta plataforma desencadeou a
criação de cimeiras do ensino
superior.
Quais são os principais resultados das duas cimeiras já organizadas?
O objetivo desta iniciativa é
debater os temas relacionados com a qualidade do ensino e com a abordagem de uma
eventual reforma do sistema,
adaptando-o aos desafios da
profissão em Portugal. A primeira cimeira do ensino superior decorreu a 24 de setembro
de 2021 e a segunda a 21 de fevereiro de 2022. Fiquei muito
satisfeito por verificar que um
dos pressupostos da primeira
cimeira está a avançar: a constituição do Conselho de Escolas
Médico-Dentárias, que permite à OMD ter uma plataforma
de diálogo com as faculdades,
contribuindo para estabelecer
parâmetros comuns, claros e
bem definidos, no que respeita
à formação mínima e indispensável para assegurar uma boa
capacitação aos futuros médicos dentistas. É, por exemplo,
necessário repensar a reformulação curricular do Mestrado
Integrado em Medicina Dentária (MIMD) e a possibilidade
de reverter aquilo que Bolonha
nos trouxe.
Bolonha foi uma oportunidade
de uniformizar matérias no espaço europeu, mas verificou-se
que acarretou algumas desvantagens, nomeadamente na diminuição do contacto prático
dos alunos com os pacientes, o

ENTREVISTA
qual, na nossa profissão, é muito importante. Daí estarmos a
ponderar, em conjunto com as
sete escolas médico-dentárias, a
possibilidade de alargar o curso até ao sexto ano ou criar um
estágio. Já esta segunda cimeira,
depois da análise de um conjunto de inquéritos feitos aos
colegas, resultou numa proposta sobre parâmetros de qualidade em diferentes dimensões
(proteção do paciente, revisão
curricular, avaliação...), procurando ir mais longe do que as
entidades que avaliam, como a
A3ES - Agência de Avaliação
e Acreditação do Ensino Superior. E porque fazemos isto?
A OMD sabe que tem limites relativamente à autonomia
das faculdades, mas não podemos, em caso algum, deixar de
acompanhar o ensino e as suas
políticas para a medicina dentária. Nesse sentido, é nossa
ambição lutar por uma formação com mais qualidade em detrimento da quantidade.
A nível internacional, que atividades prevê a OMD?
A OMD está inserida em diversas plataformas internacionais, como a FDI – World
Dental Federation, a FEDCAR - Federation of European Dental Competent Authorities and Regulators e o
CED - Council of European
Dentists. Ninguém está sozinho no mundo e temos que
acompanhar as tendências de
evolução junto destas organizações, principalmente no
espaço europeu. Já conheci

Dental Tribune Edição Portuguesa

a nova presidente da FDI, a
Dra. Ihsane Ben Yahya, em reunião online e, este ano, vamos
ser os anfitriões do encontro
do CED, o que é uma grande honra e um grande desafio. Vamos acolher mais de 100
delegados internacionais no
dia 20 de maio, na Alfândega
do Porto. Ao mesmo tempo,
no âmbito da FEDCAR, eu,
a Dra. Maria João Ponces e o
Dr. Gonçalo Assis estivemos
em Paris e tomámos uma importante posição relativamente à formação, pois existe uma
grande preocupação relativamente à diminuição da qualidade do ensino no sul da Europa, bem como relativamente
à exportação massiva de médicos dentistas, os quais acabam
por deturpar ou desvirtuar os
princípios europeus neste domínio. Criámos também o Fórum Ibérico, para que Portugal
e Espanha possam unir esforços em prol da resolução dos
problemas e desafios que nos
são comuns.
A Ordem dos Médicos Dentistas pretende ainda posicionar a medicina dentária no
chamado turismo de saúde e
bem-estar, porque acreditamos
que Portugal tem excelentes
condições para ser um forte
player neste campo. Queremos, portanto, assumir um papel regulador e contribuir para
o estabelecimento de regras
precisas e de orientações éticas, garantindo que os pacientes recebem informações claras sobre o turismo dentário e
que os tratamentos serão reali-

[11] =>

Dental Tribune Edição Portuguesa

ENTREVISTA

No. 1/2022 - março |

zados de forma adequada, por
exemplo no que diz respeito às
consultas necessárias, incluindo as consultas de pré-tratamento e de follow-up.
Que mensagem gostaria de
deixar a todos os colegas médicos dentistas portugueses e
além-fronteiras?
A profissão é feita por todos!
Cada um de nós pode contribuir para melhorar a profissão,
tanto a nível micro, como macro. Ou seja, são tão importantes as escolhas que fazemos na
nossa atividade diária, a forma
como nos relacionamos com
pacientes e parceiros, defendendo sempre o papel do médico dentista, como, a nível
macro, as causas profissionais
em que nos envolvemos e a
participação em associações ou
sociedades científicas.
O que acha desta parceria da
DentalPro com o Dental Tribune International?
É um ótimo sinal. Creio que
nos devemos congratular com
esta parceria. As democracias,
sociedades e profissões precisam de jornalismo sério, credível, especializado e ambicioso.
Nesse sentido, vejo com muito
agrado a consolidação e a evolução da DentalPro, bem como
o facto de não terem escolhido
seguir pelo caminho mais fácil, mas pelo mais trabalhoso e
ambicioso. O vosso contributo
é importante para proporcionar momentos de reflexão so-

BIOGRAFIA
Miguel Pavão nasceu a 29 de setembro de 1980, no Porto. É médico dentista, filho de pai cirurgião pediatra e
de mãe educadora infantil. “Escolhi ser médico dentista
porque desde a minha juventude sempre tive da medicina uma visão humanista e humanitária, transversal a
outras vertentes da sociedade”. Imbuído nesse espírito,
assim que terminou o curso de Medicina Dentária, no
ano de 2004, fundou a ONG Mundo a Sorrir, com centenas de projetos nacionais e internacionais, com especial ênfase em África. Além do seu percurso académico,
sempre foi um homem de causas e apostado na cidadania ativa. “Sou por natureza uma pessoa irrequieta, inconformista e atenta ao mundo em constante mudança
e transformação social, tecnológica, cultural, civilizacional. Por isso, adoro conhecer o mundo e, acima de
tudo, conhecer pessoas”. Atualmente, divide o seu dia a
dia entre a liderança da Ordem dos Médicos Dentistas
(OMD), a prática dentária e a família.
bre o trabalho que todos nós
fazemos e os desafios com que
a profissão se depara, auxilian-

do a classe com informação rigorosa que lhe permita fazer as
escolhas mais adequadas.

[12] =>

12 | No. 1/2022 - março

MUNDO

Dental Tribune Edição Portuguesa

FEDERAÇÃO DENTÁRIA INTERNACIONAL (FDI)

FDI lança “Mouth Proud Challenge”

© FDI

por: Dental Tribune Portugal

O desafio da Federação Dentária Internacional (FDI) une as
pessoas em torno da comemoração do Dia Mundial da Saúde
Oral 2022, que acontece a 20 de março. O objetivo é que partilhem fotos e vídeos divertidos demonstrando a forma como
cuidam da saúde oral, pela felicidade e bem-estar de todos.
Para assinalar o Dia Mundial
da Saúde Oral 2022, a Federação Dentária Internacional
(FDI) convida todos a participar no #MouthProudChallenge e a assumir o compromisso pessoal de priorizar a
saúde oral, captando o momento com a ferramenta de

poster personalizado online
#MouthProud ou o filtro de
rede social Mouth Proud, disponíveis no Instagram e Facebook.
As pessoas podem mostrar o
seu compromisso para com
uma boa saúde oral usando a
moldura #MouthProud num

vídeo ou foto enquanto, por
exemplo, escovam os dentes e
passam o fio dentário corretamente, eliminam os doces da
alimentação, fazem uma refeição saudável ou visitam o médico dentista para um check-up. Os profissionais de saúde
oral podem também envolver-se para ampliar o que já
fazem diariamente: deixar os
pacientes orgulhosos das suas
bocas para, assim, terem uma
melhor qualidade de vida. Podem até usar a moldura para
demonstrar boas práticas de
higiene oral, técnicas de escovagem corretas ou exibir apenas um sorriso natural para
animar alguém. Os participantes são convidados a indicar quatro amigos ou colegas
para integrarem este movimento digital.
A má saúde oral afeta quase
3,5 mil milhões de pessoas
em todo o mundo com consequências a longo prazo. No
entanto, as pessoas não percebem como uma boca não
saudável pode ter um impacto
grave nas suas vidas, causando
dor e sofrimento significativos, originando uma má qualidade de vida. Sob o tema da
campanha de três anos “Sinta
orgulho da sua boca”, a FDI
espera motivar as pessoas a va-

[13] =>

MUNDO

Dental Tribune Edição Portuguesa

lorizar e a cuidar da sua boca e
entender que, ao fazê-lo, também ajudam a proteger a sua
felicidade e o bem-estar. Porque o objetivo de uma vida fe-

liz une-nos a todos.
‘”Todos podemos tomar medidas pessoais neste Dia
Mundial da Saúde Oral para
ajudar a iniciar uma nova ten-

www.worldoralhealthday.org

No. 1/2022 - março |

dência em prol da felicidade e
do bem-estar’’, diz a presidente da FDI, Ihsane Ben Yahya.
‘’Vamos unir-nos a nível global para aumentar a consciencialização, melhorar a educação e estimular ações pessoais
e coletivas sobre a importância da saúde oral para todos”.
A FDI tem o orgulho de
anunciar dois novos parceiros
para a campanha Be Proud of
Your Mouth – pela sua felicidade e bem-estar: Align Technology e Dentsply Sirona,
que se juntarão ao parceiro de
longa data da FDI, Unilever,
no apoio à campanha. Além
disso, a Listerine junta-se
ao Wrigley Oral Healthcare
Program como novo apoiante global. “O Dia Mundial
da Saúde Oral não seria possível sem o apoio dos nossos
parceiros e apoiantes a nível
mundial. É somente por meio
de todos os principais interessados e trabalhando juntos
que podemos esperar proteger
a saúde oral das populações de
todo o mundo”, acrescenta Ihsane Ben Yahya.
Prepare-se para ser
#MouthProud, pela sua felicidade e bem-estar. Visite
www.worldoralhealthday.org
e use a riqueza dos recursos
disponíveis gratuitamente.
Confira a página
www.worldoralhealthday.org/
mouthproudchallenge para
saber mais sobre como pode
envolver-se no
#MouthProudChallenge.

[14] =>

PORTUGAL

Dental Tribune Edição Portuguesa

14 | No. 1/2022 - março

Equipa Clínica Arriaga

FUNCHAL, MADEIRA

Clínica Arriaga conta uma história de 18 anos
por: Dental Tribune Portugal

Foi em fevereiro que a Clínica Arriaga comemorou os seus 18
anos de existência. Para assinalar esta data emblemática, decidimos conversar com Roberto Henriques, o diretor clínico, de
forma a percebermos como tudo começou.
Mas, antes de passarmos à
história propriamente dita,
Roberto Henriques quis deixar algumas palavras de agradecimento: “Aos nossos colaboradores, um obrigado pela
dedicação diária e, aos pacientes, que continuem a confiar o
seu sorriso em nós e no nosso
trabalho”.
A Clínica Arriaga nasceu então em 2004 no Funchal, ilha
da Madeira, com três consultórios sob a direção clínica

de Roberto Henriques. Em
2008, abre uma policlínica
nos Canhas (Ponta do Sol),
que conta com outras especialidades médicas para além da
medicina dentária, como é o
caso da fisioterapia, ortopedia,
medicina geral e familiar. Devido ao crescimento orgânico
em 2013 passa a 10 gabinetes
onde consegue dar resposta as
todas as especialidades da medicina dentária.
Em 2018 é uma das vence-

doras do prémio DentalPro,
o “óscar” da medicina dentária cujos critérios foram: Inovação Humana, Gestão Corrente, Ambiente, Divulgação
e Atendimento.
Mais recentemente, em 2019,
expande a clínica com mais
sete gabinetes, sendo um deles um bloco operatório. Este
bloco operatório destina-se à
prática de intervenções cirúrgicas quer ao nível de implantes dentários quer ao nível de
pacientes pouco colaborantes,
com deficiência ou com um
passado de trauma. Temos um
sistema de sedação consciente profunda monitorizada por
um anestesiologista. A Clíni-

[15] =>

Dental Tribune Edição Portuguesa

pelos colegas diferenciados
nas várias áreas de atuação,
por isso, sendo por isso normal que o médico que acompanha o utente possa reencaminhar para outro colega,
dependendo da natureza do
tratamento.
De salientar que a Clínica
Arriaga do Funchal é a única
clínica na região desenhada e
pensada para pessoas com limitações físicas, incluindo
grávidas, amputados, pessoas
com cadeiras de rodas e outras
necessidades especiais.
Mais, a aposta nas redes sociais e a diversificação dos canais de comunicação tem sido
estratégica para sensibilizar
as pessoas para a importância
de cuidar da sua saúde oral. A
Clínica Arriaga tem também
vindo a trabalhar mais a parte
emocional dos casos clínicos e
da mudança que isso significa
na vida do paciente, embora a
publicidade seja bastante limitada, por motivos legais na
medicina dentária.

ca Arriaga conta agora com
17 gabinetes e 23 médicos
com formação em diferentes
áreas, sendo líder de mercado
na área de ortodontia e estética dentária.
A acompanhar esta evolução,
está a mudança disruptiva do
logótipo em 2019, marca registada. Passa a uma imagem
mais moderna que reflete os
seus valores no mercado.
Os tratamentos são realizados

PORTUGAL

18º Aniversário da Clínica Arriaga

No. 1/2022 - março |

UM FILOSOFIA VENCEDORA
O core business da clínica é
a ortodontia, seguido de estética dentária e reabilitação com implantes. Segundo
os responsáveis, “o objetivo é
atingir a excelência e um tratamento individualizado em
cada caso. Cada paciente é um
caso único. Na primeira consulta é feita um raio X, diagnóstico, seguindo-se o plano
de tratamento para o paciente onde poderá ser necessária
a intervenção de várias equipas
para um melhor resultado. Por
exemplo, um paciente que termina o seu tratamento ortodôntico pode precisar de realizar outros tratamentos, como
é o caso do branqueamento
dentário, restaurações estéticas, facetas ou até mesmo aplicação de botox. Para isso acontecer, é importante uma boa
coordenação entre equipas e
um constante acompanhamento do tratamento do paciente”.
Acrescentam que querem também “desmistificar a crença de
que ir ao dentista é muito caro.
Temos atualmente planos de
pagamento através de uma instituição financeira. Todos sabemos que não há saúde sem saúde oral”.
Em relação ao futuro, Roberto Henriques afirma que pretendem adquirir os melhores
equipamentos e tecnologia
para a realização dos tratamentos, apostar no turismo
dentário, diversificar a formação nas áreas da estética facial,
e apostar na ortodontia invisível.

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16 | No. 1/2022 - março

INDÚSTRIA

Dental Tribune Edição Portuguesa

LISBOA

por: Dental Tribune Portugal

A

marca mostra que a nova solução é “eficaz para um problema que afeta mais de metade da população portuguesa”, num sistema criado e melhorado para combater a
causa da irritação e sangramento das gengivas. A nova gama inclui um sistema integrado composto por escova, dentífrico e elixir.
O Dental Tribune esteve presente na sua apresentação em Lisboa.
Com nova imagem, nova fórmula e novo sabor, agradável,
para facilitar o cumprimento de indicações, esta é uma
linha que se encontra agora “totalmente adaptada para
conseguir chegar a todos e estar à altura do desafio de cuidar dos sorrisos da população
portuguesa”.
Direcionado para um público-alvo onde cerca de 50% da
população portuguesa sofre de
problemas gengivais,a Colgate,
líder nacional e mundial na
área de saúde oral, lançou
desta forma um “sistema eficaz, com uma fórmula única”,
para todos aqueles que sofrem
de problemas nas gengivas ou
que se encontram em risco de
desenvolver este tipo de adversidades.
Para a marca “um sorriso saudável é, habitualmente, associado aos dentes e ao cuidado dos mesmos. Diariamente,
verifica-se a existência de uma

preocupação com tonalidade, aspeto, dentes mais brancos, sem cáries. No entanto,
quantas são as pessoas que, ao
sorrir, evitam mostrar as gengivas? Ou quantos dentes se
encontram pouco saudáveis
fruto de problemas gengivais
e, consequentemente, quantos sorrisos estão a ser condicionados por este problema?”,
dúvidas a que a Colgate procura dissipar com a apresentação da nova solução.
O PRODUTO
Melhorada e reformulada, a
linha PerioGard, da Colgate,
inclui um sistema integrado
composto por escova, dentífrico e elixir, com capacidade de “combater e proteger
contra problemas associados
a sangramento, irritação e retração das gengivas, proporcionando a redução da acumulação da placa bacteriana e
prevenção de cáries”, mostra a

© Colgate

Colgate lança nova
solução PerioGard
especialista em cuidados orais,
controlando de “forma eficaz”
aquela que é uma das causas
deste tipo de problemas.
A solução é composta por
uma “fórmula única de fluoreto de amina e iões de estanho,
com eficácia antibacteriana clinicamente comprovada,
que ao inativar as bactérias na
placa e inibir o reaparecimento das mesmas, proporciona
um efeito antibacteriano imediato e duradouro, combatendo a causa da inflamação das
gengivas1”, assegura a Colgate
com base em estudos prévios.
Além destas características, o
fluoreto de amina “estabiliza
os iões de estanho, que possuem um elevado efeito antibacteriano, transportando-os
diretamente para a linha das
gengivas de forma a eliminar
as bactérias”, evidencia a multinacional norte-americana.
Em termos de resultados, o
novo PerioGard revela um
efeito antibacteriano superior*desde a primeira utilização
do dentífrico e até 12 horas. A
utilização de elixir reduz sig-

[17] =>

INDÚSTRIA

No. 1/2022 - março |

Dental Tribune Edição Portuguesa

Luis Franco-Bastos esteve no evento da Colgate

nificativamente o desenvolvimento da placa após 3 meses**. Além disto, Periogard
permite 7 vezes maior eficácia antibacteriana, quando
comparada com tecnologia
da concorrência para problemas gengivais, na redução superior da vitalidade da placa
bacteriana, com a utilização
do dentífrico, após 12 horas***.
A nova solução da Colgate
está disponível no mercado
consumidor, em hiper e supermercados, farmácias e parafarmácias.
PERIODONTITE E OS SEUS
SINTOMAS
Sabendo que “a acumulação de
placa bacteriana é um forte incentivo ao desenvolvimento de
inflamações nas gengivas”, e
que através da simples escovagem, “apenas 42% da placa na
linha da gengiva é removida”2,
a Colgate mostra a importância em utilizar em conjunto a
escova desta linha (possui filamentos microfinos para uma
limpeza suave e o dentífrico,

com 1400 ppm) assim como o
elixir (com 250 ppm de fluoreto), proporcionando, assim,
uma proteção antibacteriana
“rápida e duradoura”.
Para a Colgate, os problemas
relacionados com as gengivas
poderão estar associados a vários pontos, por vezes, fatores específicos de “risco como
stress, gravidez, diabetes, boca
seca, hábito de fumar ou outros estilos de vida menos
saudáveis”, mas muitas vezes
apenas por “acumulação de
placa bacteriana fruto de limpeza inadequada ou tecnologias pouco eficazes”.
“As inflamações gengivais são
muito comuns e poderão causar fortes danos caso sejam
ignorados ou desvalorizados.
Para cuidar e preservar um
sorriso e toda a saúde oral é
necessário prestar atenção aos
sinais e realizar uma prevenção com soluções adequadas”,
recorda a Colgate.
Pensando nas possíveis consequências resultantes de um
cuidado fraco com a nossa

saúde oral, a Colgate alerta
para a importância em saber
“identificar gengivas pouco
saudáveis, percebendo que o
aspeto destes casos se traduzirá em vermelhidão, inchaço,
sangramento e, por vezes, em
casos mais graves, a retração
das próprias gengivas”.
“É muito relevante que exista um cuidado atento a este
nível, não esquecendo que
somente a escovagem não
é suficiente para eliminar a
maior parte da placa”, vinca
a Colgate.
[1] Arweiler NB, et al. Antibacterial
Effect and Substantivity of Toothpaste
Slurries In Vivo. Oral Health Prev Dent
2018; 16: 175–181.
[2] Chapple I, et al. Primary prevention
of periodontitis: managing gingivitis.
Clin Periodontol 2015; 42 (edição especial): 71–76.
* Em comparação com tecnologia da
concorrência para os problemas das
gengivas
** Em comparação com pacientes que
apenas realizaram a escovagem com um
dentífrico convencional com flúor
*** Com dentífrico e elixir PerioGard, se
usados em combinação diariamente

[18] =>

18 | No. 1/2022 - março

PORTUGAL

Dental Tribune Edição Portuguesa

PROJETO “BEM-ME-QUERO”, VISEU

“A Importância da
Saúde Oral” nas
escolas
Mariana Baptista Mercatelli, médica dentista na Cliniviseu, participou no projeto
“Bem-me-quero” organizado
pela Escola Profissional Profitecla de Viseu. Uma iniciativa que leva profissionais de
várias áreas a fazer ações de
sensibilização aos alunos desta escola. O tema levado pela
Cliniviseu foi “A Importância
da Saúde Oral”, um tema tão
importante a reter em qualquer idade.
O Projeto “Bem-me-quero”, levado a cabo pela Escola Profissional Profitecla de
Viseu, é dedicado à saúde e
bem-estar, contribuindo para
a aquisição de competências
dos jovens alunos, permitindo-lhes confrontar-se positivamente consigo próprios e
serem capazes de fazer escolhas individuais, conscientes
e responsáveis. É um projeto
integrador das preocupações
e responsabilidades da escola
enquanto entidade formadora
de jovens informados e cons-

cientes, e incorpora atividades educativas como palestras,
workshops, ações de sensibilização por profissionais de diversas áreas da saúde e bem-estar, tais como, médicos,
farmacêuticos, instrutores de
fitness, nutricionistas, educadores sociais, psicólogos, entre outros, que são convidados
a participar na formação dos
alunos,
acrescentando-lhes
conhecimentos e experiências práticas do contexto real
de cada uma das suas especialidades profissionais. De forma genérica, as competências
trabalhadas nestas ações permitem que os alunos sejam
capazes de adotar comportamentos que promovam saúde
e bem-estar, designadamente
nos hábitos quotidianos como
higiene corporal, higiene oral,
alimentação, consumos, prática de exercício físico, sexualidade e nas relações com o ambiente e a sociedade.
Segundo Mariana Baptista Mercatelli, o convite para
participar nesta iniciativa,

© Cliniviseu

por: Dental Tribune Portugal

Mariana Baptista Mercatelli

que decorreu em fevereiro, foi
aceite prontamente. “Como
médicos dentistas, sempre nos
preocupámos em transmitir
aos nossos pacientes métodos
de prevenir complicações na
cavidade oral, pois é a base de
tudo. E foi precisamente isso
que levámos ao projeto ‘Bem-me-quero’. Para além de elucidarmos os jovens sobre as
consequências de um má saúde oral, que pode ir desde dores até cancro oral, explicámos
como a saúde oral pode afetar
a saúde geral e como prevenir
todas estas complicações. Explicámos todos os processos e
técnicas incluídos na higiene
oral (técnicas de escovação, de
utilização de fio dentário ou
superfloss), a importância de

[19] =>

PORTUGAL

No. 1/2022 - março |

Dental Tribune Edição Portuguesa

do erro crasso que cometeram
quando se tornam adultos e as
complicações começam a aparecer. Ouvimos ‘Se eu soubesse tinha cuidado melhor dos
meus dentes’ inúmeras vezes,
e é isso que queremos deixar
de ouvir! Prevenção, prevenção, prevenção! É e será sempre a palavra essencial na medicina dentária”.

bém sempre tivemos parcerias
com instituições em que atendemos pacientes carenciados
sem qualquer custo para o
mesmo”. E acrescenta que “é
fundamental que todas as influências ao redor de crianças
e jovens tenham a consciência
da importância da saúde oral
não só para o presente, mas
também para o futuro. Muitos
jovens são descuidados com a
saúde oral e só se dão conta

uma alimentação equilibrada, de observar a própria boca
regularmente, da utilização
de protetores orais na prática desportiva, da visita regular
ao médico dentista, das consequências do uso de tabaco e
piercings orais, entre outros”.
A médica dentista revelou
ainda que “foi sempre uma
preocupação da Cliniviseu levar estes e outros temas a escolas e instituições, mas não
só. Ao longo destes 34 anos de
existência foram diversas as
oportunidades que os nossos
clínicos tiveram de esclarecer
dúvidas de crianças, jovens e
idosos, em eventos semelhantes ao ‘Bem-me-quero’. Para
além disso, desde que tivemos
a expansão da nossa clínica,
onde podemos contar com
uma área de formação, organizamos nós também ações de
formação gratuitas da área da
medicina dentária para qualquer pessoa que tenha interesse em aprender mais. Tam-

[20] =>

20 | No. 1/2022 - março

PORTUGAL

Dental Tribune Edição Portuguesa

ALCÂNTARA, LISBOA

GSD Dental Clinics abre nova
unidade em Alcântara
por: Dental Tribune Portugal

A nova clínica de Alcântara
representa, segundo Gonçalo Seguro Dias - fundador da
GSD Dental Clinics -, mais
do que um novo projeto: vem
dar continuidade a um projeto lançado por Hugo Pinto
que “é alguém a quem a camisola GSD serve como uma
luva”. Além disso, esta parceria “é um sinal de que temos
feito um caminho estruturado”, com “uma equipa coesa e
uma marca na qual as pessoas
podem confiar”.

Gonçalo Seguro Dias

“A abertura em Alcântara seguiu, no fundo, um caminho
que nos pareceu natural. Absorvemos a clínica Oral WI
que funcionava já com a direção clínica do Dr. Hugo
Pinto, que à parte de colaborar com a GSD Dental Clinics, partilhava de muitos dos
princípios pelos quais nos regemos. Desde o tipo de clínica e o cuidado com os espaços
e equipamentos, aos protocolos de consulta, áreas de atuação e tipo de serviço prestado
passando pelo elevado grau
de personalização e relaciona-

mentos de proximidade, achámos que os astros estavam alinhados. Tínhamos vontade
de crescer e estender a GSD
dentro da cidade de Lisboa
para novas áreas em que pudéssemos ser uma mais-valia
e surgiu esta oportunidade”.
Gonçalo Seguro Dias, fundador da GSD Dental Clinics,
continuou e afirmou que “Alcântara é uma zona de grande
dinamismo, na proximidade
de vários pontos de interesse, e estamos localizados num
condomínio com muito prestígio. Existem facilidades de

transporte e estacionamento e
os acessos também são muito
bons de e para qualquer parte da cidade. Estamos muito
contentes com esta expansão”.
Quando questionado sobre a
escolha da clínica Oral WI,
explicou que “a GSD Dental
Clinics vem dar continuidade a um projeto lançado pelo
Dr. Hugo Pinto que é alguém
a quem a camisola GSD serve
como uma luva. Para além da
sua prática clínica, é docente
na universidade em Manchester e em Lisboa e tem uma
atividade científica que, jun-

[21] =>

PORTUGAL

© GSD Dental Clinics

Dental Tribune Edição Portuguesa

GSD Dental Clinics de Alcântra

tamente com a massa crítica
da restante equipa, irá permitir-nos chegar sempre mais
longe. É um profissional com
provas dadas de uma enorme
capacidade técnica e de entrega aos projetos nos quais se
envolve”.
A GSD Dental Clinics de
Alcântara está, neste momento, a trabalhar com três
médicos dentistas da anterior
estrutura, “o que nos permite fazer uma transição suave e reforçar os laços com a
comunidade. Pensamos alargar a equipa a curto prazo,
sempre numa lógica de multidisciplinaridade que é algo
que nos distingue desde a
génese. Queremos ter uma

oferta diferenciada de profissionais que são excelentes
nas áreas a que se dedicam.
Neste momento começámos
já com a consulta de ortodontia funcional dos maxilares com a Dr. Rita Sousa
Tavares e em breve teremos
mais novidades”, acrescenta Gonçalo Seguro Dias. O
responsável assume ainda
que “esta nova clínica é um
sinal de que temos feito um
caminho estruturado do qual
nos orgulhamos. Temos uma
equipa coesa e uma marca na
qual as pessoas podem confiar, um serviço de qualidade
e relações efetivamente duradouras e fortes. Mesmo nos
períodos mais difíceis, como

No. 1/2022 - março |

21

estes que atravessámos e que
ainda não terminaram, temos
continuado sempre a crescer
e esta é a prova de que, se todos trabalharmos em conjunto e acreditarmos no nosso
esforço, o futuro irá sorrir”.
Quanto ao futuro, salienta
que a ideia é continuar a investir em novas aberturas,
“preferencialmente em localizações na área da grande Lisboa onde ainda não estamos
presentes, com o objetivo de
termos equipas diferenciadas com capacidade de fornecer um serviço com grandes
padrões de qualidade. Esta
qualidade de serviço e satisfação dos pacientes é o nosso
ADN”. Mais, “ainda este ano
gostaríamos de anunciar a
abertura de mais uma clínica.
É algo que está a ser estudado.
Temos um plano de expansão
que deve ser, acima de tudo,
sustentado”.
Gonçalo Seguro Dias terminou a conversa relembrando a
mensagem de motivação que
deixou no ano passado aos
seus colaboradores, uma frase
de Lao Tzu que pode também
inspirar outros colegas. “Fala-nos sobre a capacidade de
vencer as adversidades sem se
deixar deter: ‘A água é fluida,
macia e maleável. Mas a água
vai desgastar a rocha, que é rígida e não pode ceder. Como
regra, tudo o que é fluido, macio e flexível superará tudo o
que for rígido e duro. Este é
outro paradoxo: o que é macio
é forte”.

[22] =>

22 | No. 1/2022 - março

ENTREVISTA

Dental Tribune Edição Portuguesa

CLÍNICA DOMUS SALUTEM, ABRANTES

“Priorizamos as relações humanas”
por: Dental Tribune Portugal

Com 15 anos de existência,
a Clínica Domus Salutem é
uma referência na cidade que
a viu nascer: Abrantes. Diogo
Fragoso e Cláudia Cardoso,
parceiros na vida e na profissão, lideram este projeto que
aposta na medicina dentária
e noutras valências médicas,
sempre com um único objetivo em mente: a excelência na
medicina dentária e satisfação plena dos pacientes.

Da esquerda para a direita: Diogo Fragoso e Cláudia Cardoso

Qual é a história da Clínica
Domus Salutem?
A Clínica Domus Salutem foi
fundada em 2007 por mim,
Diogo Fragoso, aquando conclusão da faculdade. Surgiu da
concretização do sonho pessoal de ver nascer uma clínica com os propósitos e valores
que acredito estarem na base
da medicina dentária. Escolhi a terra onde cresci, Abrantes, pois desde cedo soube que
a medicina que queria exercer
seria muito direcionada para as
pessoas, e nada melhor que disponibilizarmos ciência e prestação de cuidados às pessoas
que fazem parte da nossa história. A clínica teve início com
dois consultórios de medicina
dentária, em que basicamente
apenas um funcionava em ple-

no, o meu! 15 anos depois, muitas mudanças foram surgindo,
incluindo a entrada da minha
esposa, Cláudia Cardoso, para
a gestão da clínica. Fruto das
pessoas que nos procuram e de
uma população cada vez mais
exigente, somos incentivados
diariamente a nos posicionarmos na vanguarda da medicina dentária, tanto profissional
como a nível tecnológico. Nos
últimos cinco anos assistimos
ao crescimento e expansão para
duas clínicas, passando de dois
consultórios iniciais de medicina dentária para seis. Dispomos na sede e clínica “mãe” (localizada em Rossio ao Sul do
Tejo) de três gabinetes medicina dentária, um gabinete cirúrgico e dois gabinetes de especialidades médicas. A clínica

localizada na cidade de Abrantes apenas está direcionada para
medicina dentária, dispondo de
dois gabinetes. As duas clínicas baseiam-se na mesma ética
profissional, regendo-nos pelo
respeito e bem-estar humano e
oferecendo competência e inovação.
Como é formada a vossa equipa, em relação à medicina
dentária?
Neste momento, temos uma
equipa formada por mim,
Diogo Fragoso (proprietário
e diretor clínico), pela minha
colega de profissão, esposa e
também proprietária Cláudia
Cardoso e por seis assistentes
de medicina dentária a tempo
inteiro. Com a nossa equipa
colaboram mais quatro médi-

[23] =>

Dental Tribune Edição Portuguesa

ENTREVISTA

No. 1/2022 - março |

curamos atingir os melhores
resultados associados à plena
satisfação dos nossos pacientes.

Clínica Domus Salutem, Abrantes

cos dentistas, com a finalidade
de darmos resposta qualificada e especializada nas diversas
áreas. O sucesso surge pela dedicação de toda a equipa que
contribui diariamente com
uma postura e contributo pessoal no saber fazer.
E, para além da medicina
dentária, que outras valências possuem?
Possuímos outras valências tais
como consultas de: medicina
geral e familiar, psicologia, terapia da fala, medicina interna
(doenças autominunes), reumatologia, reurocirurgia, psiquiatria, ortopedia, pediatria,
cirurgia vascular, endocrinologia, consulta do viajante, medicina legal, nutrição, otorrinolaringologia e gastroenterologia.
Porquê uma clínica multidisciplinar?
A clínica multidisciplinar surge pelo facto de sermos uma
referência na cidade. A procura por parte da população de
outras especialidades médicas
motivou-nos a satisfazer esse
apelo. Verificou-se igualmente
a procura pelos próprios médicos na disponibilização dos
seus serviços no espaço da clínica, o que permitiu alargar a

oferta de prestação de serviços
e cuidados em diversas áreas da
medicina.
Inovação é a palavra de ordem no campo da saúde. De
que forma se adaptam às novas tecnologias?
A inovação e o investimento no conhecimento faz parte
da nossa maneira de estar na
medicina dentária. Em termos
profissionais, temos a consciência de que a atualização de
conhecimentos é uma necessidade constante. Há um investimento regular em inovação e
tecnologia, bem como na formação e contratação de profissionais altamente qualificados.
As clínicas estão equipadas
com as mais atuais tecnologias, envolvidas num espaço
de excelência e inovação, onde
podemos usufruir de CBCT
(3D), ortopantomógrafo com
telerradiografia, scanner intra-oral, microscópio ótico, centrifugadora para PRF – Fatores
de Crescimento, impressoras
3D, sedação consciente, SiroLaser Blue, piezo cirúrgico,
motores de endodontia, entre
outros. Nesta promoção e valorização da inovação tecnológica, realçamos que priorizamos
as relações humanas, onde pro-

Que projetos têm em mente
para um futuro próximo?
O nosso futuro é sempre saber fazer melhor hoje. Os nossos projetos e objetivos passam
sempre pela satisfação dos nossos clientes. Trabalhamos diariamente com dedicação e de
forma árdua para que a clínica seja uma referência na medicina dentária, sabendo que
a meta só será mantida sem
qualquer desvio do foco que
nos trouxe até aqui: a excelência na medicina dentária.
Que palavras gostariam de
deixar?
Trabalhamos com um lema
desde o dia 1 da clínica que é:
“A Medicina Dentária nas Clínicas Domus Salutem é para
todos e não está só ao alcance
de alguns!”. Estamos conscientes de que temos uma grande
lacuna, visto não promovermos nos media e redes sociais
as nossas clínicas e resultados
profissionais, algo muito em
voga nos dias de hoje. O que,
de alguma forma, nos orgulha,
pois a nossa publicidade é feita
pelos nossos pacientes, sendo
esta a primeira entrevista que
damos! Pouco tempo temos
disponível para vídeos e fotografias! Somos apenas médicos
dentistas!

[24] =>

24 | No. 1/2022 - março

TENDÊNCIAS

Dental Tribune Edição Portuguesa

Europeus têm dúvidas sobre cirurgia
assistida por robô

Reflexões sobre o estudo da Universitat Oberta de Catalunya e opiniões
dos profissionais portugueses
por: Dental Tribune Portugal

U

ma equipa de investigadores da Universitat Oberta de
Catalunya (UOC) analisou os fatores que influenciam
a perceção das pessoas sobre o uso da robótica na cirurgia. A experiência anterior com o uso de robôs e a perceção
da facilidade de utilização são os fatores que fomentam a confiança nestas técnicas e dispositivos. A utilização da robótica na
medicina reduz os riscos e erros, diminui os tempos de recuperação e diminui os custos financeiros.

© Quang Tri Nguyen em unsplash.com

A implementação da robótica em vários aspetos da vida
está a tornar-se cada vez mais
generalizada, mas conduz, no
entanto, a opiniões contraditórias. Os fatores e argumen-

tos positivos baseados na inovação, eficiência, precisão e
redução de custos ainda não
conseguiram quebrar conotações negativas e aspetos como
a destruição de empregos, o

investimento necessário, dificuldades na implementação e
a formação necessária para a
sua utilização. Estas controvérsias são acrescidas no domínio da saúde, o que é um
reflexo desta tendência social
de opiniões contraditórias.
Uma equipa de investigadores da Universitat Oberta de
Catalunya (UOC) analisou
as principais motivações das
pessoas e a sua confiança nestes dispositivos para conhecer
as perceções dos cidadãos europeus sobre o uso da robótica na cirurgia. “O nosso objetivo é fornecer novas provas
do ponto de vista social, dos
pacientes e dos cidadãos, uma
vez que a dada altura poderia
ser-lhes pedido que se submetessem a cirurgia envolvendo
o uso de robôs”, explicou o
professor Joan Torrent Sellens, da Faculdade de Economia e Negócios da UOC,
investigador principal do grupo i2TIC da Universidade e
coautor deste estudo, juntamente com as professoras da
UOC Ana Jiménez Zarco e
Francesc Saigí Rubió.
Após análise das opiniões de

[25] =>

TENDÊNCIAS

No. 1/2022 - março |

Dental Tribune Edição Portuguesa

cerca de 28.000 cidadãos de
28 países da União Europeia,
os resultados deste estudo
apresentam um amplo espectro de atitudes decorrentes da
falta de confiança na cirurgia
assistida por robôs (CAR).
A experiência anterior com a
utilização de robôs e a perceção da facilidade de utilização são os únicos fatores que
fomentam a confiança nestas
técnicas e dispositivos. “Verificámos também que, à medida que as pessoas adquirem
experiência com a utilização
de robôs, os antecedentes de
confiança relacionados com a
informação, atitude e perceção da cirurgia assistida por
robôs tornam-se cada vez
mais negativos”, refere Torrent Sellens.
A análise dos dados mostra
que os argumentos por detrás das motivações que criam
desconfiança nestes dispositivos não são uniformes. A experiência também desempenha um papel crucial.
“A nossa investigação mostra

que os cidadãos têm em conta questões racionais nas suas
avaliações de confiança, tais
como a sua experiência anterior com a utilização de robôs
e a sua perceção de facilidade
de utilização”, afirmou o investigador. Por exemplo, a experiência tem um efeito maior
na confiança na CAR entre
homens, pessoas entre os 40
e 54 anos de idade, e aqueles
com um nível de educação superior.
Do mesmo modo, aspetos
como a informação geral sobre robótica e o estado geral
da opinião pública sobre os
seus efeitos no local de trabalho, que são normalmente
negativos, são fatores de avaliação mais emocionais que
também influenciam esta perceção da robótica na cirurgia.
Além disso, muitos cidadãos
europeus têm-se mostrado relutantes em utilizar a cirurgia
assistida por robôs uma vez
que, na sua opinião, isso significa que tanto os profissionais
de saúde como as instituições

que adotam estas novas tecnologias devem possuir novas competências e formação.
Esta situação tem levado a algumas dúvidas na sociedade.
“A questão principal é trabalhar sobre as motivações por
detrás desta confiança, de
modo que as avaliações positivas e os efeitos já identificados pelos profissionais de
saúde sejam transmitidos ao
público. A opinião do paciente é vital em todas as mudanças profundas que ocorrem
em resultado da emergência
da eHealth e da telemedicina
nas práticas de saúde”, explicou o investigador da UOC.
AS VANTAGENS DA
ROBÓTICA: MENOS RISCOS
E TEMPOS DE RECUPERAÇÃO
MAIS CURTOS

A utilização da robótica na
sociedade está a tornar-se
cada vez mais generalizada,
e a sua implementação no
campo da saúde está a ocorrer mais rapidamente do que
noutros setores. Além disso, a

[26] =>

26 | No. 1/2022 - março

utilização da CAR tem várias
vantagens, uma vez que utiliza técnicas minimamente invasivas e é capaz de ajudar os
cirurgiões com procedimentos cirúrgicos complicados.
Estes incluem menos riscos e
erros, tempos de recuperação
mais curtos e custos financeiros mais baixos.
A investigação social tem, até
agora, enfatizado as vantagens
da cirurgia assistida por robôs
para os profissionais de saúde, tais como menos riscos e
erros, tempos de recuperação
mais curtos e custos financeiros mais baixos. Contudo, as
provas disponíveis do ponto
de vista social são limitadas.
“O nosso estudo fornece uma
das primeiras perspetivas a nível europeu, o que sugere atitudes em relação à CAR que
vão para além dos costumes,
culturas ou idiossincrasias nacionais específicas”, disse Torrent Sellens.

TENDÊNCIAS
POLÍTICAS DE CUIDADOS
DE SAÚDE PARA AUMENTAR
A CONFIANÇA DO PÚBLICO
Face às dúvidas e desconfiança dos cidadãos europeus, os
autores salientam que é crucial estabelecer uma estratégia robótica que esteja alinhada com os objetivos do setor e
dos seus intervenientes. “Sem
uma estratégia alinhada pelos
pacientes, qualquer iniciativa
robótica é suscetível de permanecer na fase piloto”, afirma Sellens.
Assim, saber quais são as razões da confiança ou desconfiança das pessoas em relação
à utilização de robôs no campo da saúde torna possível o
desenvolvimento de políticas
de saúde mais eficazes.
Os resultados deste tipo de
investigação são, portanto
muito úteis, uma vez que permitem conceber e implementar estratégias de política de
saúde pública com critérios
objetivos. Em termos específicos, este estudo apresenta

Dental Tribune Edição Portuguesa

várias medidas destinadas a
aumentar a confiança da robótica na medicina em termos
de perceção dos pacientes.
“Como em todos os outros
aspetos da vida, na gestão das
externalidades das tecnologias
da saúde - as consequências
involuntárias de uma decisão
sobre outros aspetos relacionados com esta decisão - são
importantes. Trabalhar na
confiança pública na CAR é,
portanto, inteiramente coerente com a ideia de pacientes
com poder através da saúde
em linha”.
De facto, os resultados sugerem que não criar um quadro
de segurança e confiança para
os cidadãos pode retardar a
implementação de futuros
desenvolvimentos tecnológicos. Por exemplo, no caso dos
chamados ‘robôs sociais’ usados para cuidar da saúde das
pessoas, a opinião do paciente
é fundamental na sua implementação e proliferação.
“É verdade que a opinião dos
profissionais sobre a utilidade
da cirurgia assistida por robôs é primordial no desenho
de estratégias e políticas para
sua implementação, ou desconfiança não é a mesma coisa”, disse Torrent Sellens, que
lembrou que a conexão entre
a robótica e muitas outras tecnologias digitais aplicadas à
saúde “está apenas a começar,
então a sua combinação para
a prática de saúde tem inúmeras aplicações”.

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Dental Tribune Edição Portuguesa

TENDÊNCIAS

No. 1/2022 - março |

OPINIÃO DOS PROFISSIONAIS

João Pimenta,
médico dentista
“O que o mundo da cirurgia
vai ser no futuro não sei..., mas
sei o que é ser médico, os seus

Susana Falardo Ramos,
médica dentista
“É certo que a revolução tecnológica que se tem verificado
nos últimos anos, sem dúvida
que impulsionou a medicina, tanto na vertente científica como clínica e consequentemente favoreceu o aumento
do nível de previsibilidade e de
melhores resultados clínicos.

valores e a sua ética.
Poderá um robô reagir a uma
complicação da mesma forma que um cirurgião? A uma
ocorrência fora dos parâmetros da normalidade?
Na minha longa carreira já vi
de tudo e passei por muitas
transformações em todas as
áreas, sobretudo na prótese...
os sistemas CAD/CAM revolucionaram a maneira como
se fazem p.e. coroas, mas, desculpem-me, ainda não vi nada
de mais natural e estético que
uma coroa devidamente estratificada por um ceramista,
que se aproveita da evolução
tecnológica até um certo pon-

to, mas dá-lhe depois “o acabamento”, o que as máquinas
ainda não fazem (e duvido que
o façam um dia).
Eu resumiria tudo num pensamento de João Lobo Antunes:
“Não sei o que nos espera, mas
sei o que me preocupa: é que
a medicina, empolgada pela
ciência, seduzida pela tecnologia e atordoada pela burocracia, apague a sua face humana e ignore a individualidade
única de cada pessoa que sofre,
pois embora se inventem cada
vez mais modos de tratar, não
se descobriu ainda a forma de
aliviar o sofrimento sem empatia ou compaixão”.

O uso da robótica em cirurgia
humana é exemplo disso. Se
por um lado, permite cirurgias
menos invasivas, maior precisão e melhor acesso a áreas de
dificuldade acrescida, menos
tempo cirúrgico e eventualmente melhor recuperação.
Por outro, tal como mencionado no artigo, sem dúvida que,
coloca em causa empregos, o
investimento necessário, dificuldades na implementação e
a formação necessária para a
sua utilização.
Mas a medicina é mais do que
a terapêutica utilizada, a divergência de opinião surge também porque a robótica coloca
em causa a relação médico-doente. É sabido de que esta
relação médico-paciente é bidirecional e muito volátil, é
necessário promover e validar
a confiança mútua.

A robótica não cria empatia e
dificulta a comunicação!
A medicina no seu todo está
desumanizada, sem sentimentos, é necessário olhar o corpo
físico de outra forma, incorporar outros conhecimentos. Somos mais do que visualizamos
e é necessário ver, ouvir e sentir
em nós e nos outros estes conhecimentos.
É expectável e notório que a
curto médio prazo o salto tecnológico, impulsionado pela
pandemia, venha a revolucionar os atuais métodos de diagnóstico e terapêuticas, permitindo maior e melhor acesso
das populações à saúde. No
entanto, as suas consequências de longo prazo, incluindo
a forma como se irá mover o
setor da saúde e as suas prioridades, ainda são difíceis de
prever”.

[28] =>

© Ricardo Almeida

28 | No. 1/2022 - março

© Pedro C Monteiro

Ricardo Faria Almeida,
médico dentista,
“A minha opinião relativamente a tudo aquilo que é a
aplicação das novas tecnologias, especificamente na medicina dentária, é que naturalmente todos nós, como
profissionais de saúde, temos

Pedro Costa Monteiro,
médico dentista
“Vejo a cirurgia robótica
como um tipo de cirurgia
minimamente invasiva em
que são usados dispositivos
robotizados, controlados pelo
cirurgião.
Algumas características que

TENDÊNCIAS

Dental Tribune Edição Portuguesa

de nos aproveitar o melhor
possível dessas novas tecnologias, não esquecendo nunca
a componente humana, que é
fundamental.
Cada vez mais caminhamos
para as questões ligadas à tecnologia e a forma como fazemos as coisas baseadas nessa
mesma tecnologia e esquecemos a componente humana,
que em qualquer área da saúde é essencial. Portanto, diria
que em termos técnicos e em
termos de planificação e execução prática de tratamentos
a robótica e a tecnologia serão
uma vantagem e poderão ser
o futuro. No entanto, a componente pessoal, sentimental e
emocional que tem a ver com
a área da saúde, que parte da

relação pessoal médico-paciente, obviamente não pode
ser esquecida, nem esquematizada.
Existe uma tendência de caminharmos demasiado para
as novas tecnologias na saúde
e esquecemo-nos daquilo que
é cada vez mais imprescindível, que é o contacto pessoal,
a confiança no médico e até a
própria afetividade, motivação
e crença no tratamento que
pode ser executado. A tecnologia e a robótica podem sim
ser uma boa ajuda no futuro,
tecnicamente, e em termos de
planificação, mas nunca podem substituir aquilo que é
a atividade médica em si e o
contacto pessoal”.

merecem destaque e reflexão:
a imagem disponível para o
cirurgião é tridimensional e
tem uma dimensão superior
ao olho humano; a interface digital filtra o tremor natural e aumenta a precisão
dos movimentos do cirurgião; os braços robóticos rodam em torno de um ponto
fixo na parede do corpo, reduzindo a tensão traumática sobre a mesma e contribuindo para diminuir a dor
no pós-operatório; a posição
relativa do cirurgião - o campo de trabalho - aos instrumentos cirúrgicos poderá ser
desenhada com uma ergonomia ideal, permitindo um
descanso maior ao cirurgião
e consequentemente maior
eficiência; a liberdade de mo-

vimentos dos instrumentos é
grande e facilmente replica
os movimentos potenciais da
mão humana; a dissecção dos
tecidos e a identificação dos
planos anatómicos naturais
faz-se com mais facilidade e
melhor definição.
Baseado nestas características entendo que estes estudos
refletem o futuro da medicina e que sempre baseado na
experiência e conhecimento
humano os robots serão sem
dúvida os maiores aliados dos
médicos.
Vejo a medicina nos próximos cinco anos com duas
grandes disciplinas, que inclusive deveriam fazer parte
dos currículos de ensino médico: Inteligência Artificial e
Robótica”.

[29] =>

Dental
newspapers

Specialty
magazines

CE
webinars

Online
dental news

WE CONNECT THE
DENTAL WORLD
Media | CME | Marketplace

www.dental-tribune.com

[30] =>

30 | No. 1/2022 - março

TENDÊNCIAS

Dental Tribune Edição Portuguesa

OMD alerta para perigos de
teleconsultas de ortodontia e
aquisição de tratamentos online
por: Dental Tribune Portugal

Numa campanha inédita, a
Ordem dos Médicos Dentistas alerta os doentes para
as consequências graves destes procedimentos sem a presença física numa consulta de
medicina dentária, sejam resultados de qualidade inferior,
necessidade de tratamentos
adicionais ou, nos casos mais
graves, danos irreversíveis na
saúde oral. O procedimento
envolve na maioria dos casos
uma autoavaliação do próprio
doente, por meio de fotogra-

© OMD

A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) lançou uma
campanha de alerta na televisão, rádio e redes sociais. Em
causa está a crescente oferta
de serviços médico-dentários
à distância sem a intervenção
do médico dentista, incluindo
o auto-tratamento ortodôntico em que o doente coloca
diretamente o aparelho. Esta
preocupação já foi transmitida à Entidade Reguladora da
Saúde, mas a OMD entende
ser importante alertar também a opinião pública para
estes casos.

Cartaz da campanha da OMD

fias do tipo “selfie” obtidas
por telemóvel ou impressões
realizadas pelo doente. De-

pois, são enviados os aparelhos que consideram mais
adequados – geralmente ali-

[31] =>

TENDÊNCIAS

Dental Tribune Edição Portuguesa

Vídeo da campanha da OMD

nhadores, uma das técnicas
possíveis, entre outras, em ortodontia – diretamente para o
doente por correio mediante
o pagamento de uma verba. A
monitorização do progresso
do tratamento ocorre, maioritariamente ou exclusivamente, sem contacto físico do médico dentista com o doente.
Miguel Pavão, bastonário da
OMD, avisa que “na grande
maioria das situações relacionadas com a medicina dentária, incluindo o tratamento
ortodôntico, é necessária uma
interação presencial para garantir a segurança do doente.
Por outro lado, e em conformidade com as boas práticas
clínicas, a evidência científica
e a atual formação do médico
dentista na área da ortodontia, é fundamental que os julgamentos clínicos em que se
baseia uma proposta de tratamento ortodôntico sejam
fundamentados numa avaliação completa da saúde oral
do doente. E, atualmente,
não há substituto efetivo para

um exame clínico físico como
base para essa avaliação”.
A OMD lembra que o tratamento ortodôntico é, na sua
essência, uma intervenção
médica sobre o sistema estomatognático, pelo que deve
ser realizado exclusivamente por um médico dentista
qualificado na área da ortodontia. Qualquer tratamento
ortodôntico tem de ser precedido por um exame clínico completo do doente por
um médico dentista e os resultados dos exames têm ser
avaliados de modo a permitir um quadro de tratamentos adequado, identificando
contraindicações ou riscos
do tratamento. Qualquer
tratamento ortodôntico requer controlo clínico regular
e presencial. É fundamental não só avaliar a evolução
do tratamento, mas também
detetar precocemente possíveis complicações, tal como
movimentos dentários indesejáveis, reabsorção das raízes, problemas que afetam

No. 1/2022 - março |

as gengivas e o suporte dos
dentes ou outras patologias
intraorais. Os tratamentos
ortodônticos enquadram-se
na definição legal de medicina dentária, pelo que só
podem ser realizados por
médicos dentistas que estejam inscritos na Ordem.
O bastonário aconselha os
doentes a conhecerem o
nome profissional do médico dentista responsável pelo
tratamento e a garantir que
têm contacto direto com o
profissional. Cabe ao médico dentista responsável pelo
tratamento, e no âmbito da
sua liberdade de juízo clínico, assegurar formas de comunicação diretas e eficazes
com os doentes, bem como
explicar as vantagens e riscos das opções de tratamento disponíveis, e obter um
consentimento informado,
que seja válido tanto no início como durante todo o tratamento. Em todos os casos,
o médico dentista responsável pelo tratamento deve
elaborar e manter um registo
clínico completo do doente.
O bastonário afirma que “o
auto-tratamento ortodôntico e o tratamento remoto de
doentes neste âmbito, poderão, dependendo da situação
clínica do doente, não contribuir para atingir o resultado
de tratamento expectável”.
A campanha da OMD
abrange televisão, rádio e redes sociais.

[32] =>

OPINIÃO

32 | No. 1/2022 - março

Dental Tribune Edição Portuguesa

A linguagem:
a audácia do

exercício da empatia
Em primeiro lugar, uma saudação calorosa à revista de
medicina dentária que me
roubou o coração há alguns
anos, à qual com muito gosto
volto para partilhar uma crónica; e os meus parabéns por
esta nova aposta na integração
da Dental Tribune, um forte
grupo editorial composto por
alguns dos principais editores
do ramo médico-dentário internacional.
O portfólio deste grupo editorial combinado inclui mais de
130 publicações e vários sites
que alcançam mais de 650.000
dentistas em mais de 90 países
e mais de 20 idiomas.
Escrevo-vos no dia em que,
exactamente a meio do ano
lectivo, consegui transferir a
minha filha, a pedido da mesma, para a disciplina de Francês, o que muito me alegrou.
Não porque tenha uma especial preferência por esta língua, pelo país de origem ou
por outro qualquer motivo que
não o da sua expansão intelectual, a qual assenta em muitas

disciplinas, métodos e experiências diferentes ao longo de
toda a vida - e onde julgo ser
de inestimável importância a
exposição e aprendizagem de
línguas estrangeiras com géneses e origens históricas diferentes, construções gramaticais distintas, sotaques únicos
que são marcas e provas daquilo que é a sobrevivência e
triunfo de um qualquer povo
- a comunicação como base de
entendimento intelectual, conhecimento e capacidade de
empatia e adaptação.
Viver num mundo cada vez
mais global acarreta os seus
benefícios e facturas - e isto
tem tanto de desafiante como
de pacificador - estamos todos em constante processo de
partilha, evolução e transformação. E, tal como na natureza, quem sobrevive e prospera
será sempre quem melhor se
adapta, não necessariamente o
mais “forte” (seja lá o que isso
for) ou mais apto numa dada
fase pontual da vida - antes
aquele que procura, constan-

© Cátia Gonçalves

Por: Cátia Íris Gonçalves

[33] =>

Dental Tribune Edição Portuguesa

te e incessantemente, as soluções, as melhores respostas às
solicitações, tomando decisões
sem receio que sejam inovadoras, em busca de qualquer
resultado melhor do que o que
obtido até então.
Esta adaptação é feita de forma tanto mais eficaz quantos
mais recursos estiverem disponíveis e quanto melhor for
o poder de selecção e concretização dos mesmos numa situação concreta.
Não é a primeira vez que digo
isto, mas a mudança do mundo começa no pensamento
- o qual é condicionado pela
vivência e saber adquiridos,
mais uns “temperos” intangíveis que vão dando ao nosso
desempenho a singularidade que compõe as vontades e
verdades universais. O veículo
do pensamento é, incontornavelmente, a palavra - a nossa
acção não existe sem ela, pelo
simples facto de não sermos
auto-suficientes, ainda que
muitas vezes nos enganemos
ao assim pensar.
Todas as grandes personalidades históricas conseguiram, ao seu modo, comunicar,
pôr “para fora”, de forma humilde, generosa, corajosa ou
até autoritária e orgulhosa os
seus pensamentos, dos mais
simples aos mais rebuscados,
sempre com uma motivação:
obter um qualquer resultado
(mais ou menos nobre) pretendido.
Assim, como vos dizia, a
aprendizagem de uma língua estrangeira, mesmo que

OPINIÃO
também se origine do latim
(mas cuja derivação histórica
a faz diferenciar-se profundamente do nosso Português)
tem de ter um impacto directo na intelectualidade do seu
aprendiz: na criação de novos
sistemas de pensamento, estruturação de raciocínios, da
conversão intelectual e emocional, muitas vezes ambígua
em algo concreto e inteligível,
com o objectivo de o partilhar
com outro. Não vejo forma
mais despojada, mais altruísta,
mais rica de aprender a verdadeira essência da vida - procurar formas para que se consiga
compreender conteúdos dando destaque aos últimos, apetência essencial em qualquer
aprendizagem de qualquer
disciplina.
Este exercício, numa altura em que considero o ensino
bastante anacrónico e desadequado em forma e conteúdo, de um modo geral, faz-nos
sair da zona de conforto, do
ninho seguro e garantido da
língua materna e procurar recursos e paralelismos para que
outros vejam, compreendam e
sintam o mais possível a mensagem que queremos passar.
Nenhum exercício é mais humilde e democrático, nenhum
outro une seres pensantes
como uma comunicação bem-sucedida.
Por isso, quando ouço e leio
propostas de globalização que
incluem supremacias linguísticas ou a implementação de
uma língua universal, estremeço - que não nos esque-

No. 1/2022 - março |

33

çamos nunca das nossas origens, lembrando-nos que, por
exemplo, do mesmo latim derivaram e emergiram línguas
tão distintas como o português e o francês, mas não por
força de qualquer motivo facilitista: antes num discorrer de
eventos históricos únicos, com
características ímpares, reflexo
de todos os impactos culturais, sociais e políticos de um
grupo de conterrâneos inconformados com o laxismo, que
tanto travaram batalhas para
defender e conquistar aquilo
que, ainda que com uma licitude questionável, achavam
justo, como cederam ao entendimento diplomático, adquirindo novas competências
para se fazerem entender e selar compromissos entre partes,
recorrendo a um dialecto forasteiro para que a mensagem
fosse claramente percebida.
Aí, algures, julgo residir uma
das mais belas capacidades e
heranças históricas do ser humano - a de se querer adaptar,
focalizando a sua atenção no
outro e o respeito e validação
da diferença, de uma forma
não imposta, não facilitista,
não facciosa, mas antes honrada e espontânea, entre pares.
Bem-hajam, equipa DentalPro, por promoverem a constante adaptação e novos caminhos.
Que a sorte sempre proteja os
audazes!
Cátia Íris Gonçalves: Médica Dentista,
Mestrado em Periodontologia,
Directora-adjunta revista OMD,
Conselho Geral OMD

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